Sonic Highways. Via rápida número oito à boleia dos Foo Fighters

Sonic Highways. Via rápida número oito à boleia dos Foo Fighters


Pode duvidar da companhia, mas esta viagem exige uma espreitadela. A série da HBO já está à venda em DVD


Oito foi a conta que Dave Grohl fez. De seguida agarrou nos camaradas de banda e tratou de atestar a carrinha, que o regresso não se adivinhava breve: a carga toda na bagageira – de instrumentos, de câmaras e de um punhado de certezas – e o asfalto preso ao retrovisor. Os Foo Fighters embarcavam em Chicago, para uma viagem que iria percorrer oito cidades, oito estúdios, gerar oito músicas naquilo que se tornaria o oitavo disco do conjunto norte-americano. “Sonic Highways” tornou-se também uma série de oito episódios realizada por Dave Grohl e que estreou em Outubro passado na HBO. Registo que agora chega a Portugal, em formato DVD.

Chicago, Washington, D.C., Nashville, Austin, Los Angeles, Nova Orleães, Seattle e Nova Iorque são os oito lugares eleitos para uma série que sugere que cada macaco tem o seu galho, cada cidade a sua sonoridade. Princípio que requer uma proposta de crónica intemporal, de registo documentado sobre as influências destes locais, quem as fez, como e porquê.

A série começa numa cidade que deve muito à música, perdão, talvez seja o inverso. Pois foi daqui que saíram génios como Herbie Hancock, Etta James, a atitude “estamos sempre bem” do blues que Muddy Waters, entre outros, se encarregaram de mostrar ao mundo nos anos 50 e 60. A evolução pela linguagem punk rock levou Grohl a parar o autocarro nos estúdios Electrical Audio de Steve Albini (Shellac), tal como se atrevem a divagar pelo universo dos Cheap Trick que gerou a primeira faixa do disco “Something from Nothing”.

Chicago é o exemplo perfeito para uma série de reuniões não convencionais que mais se podiam apelidar de entrevistas, partilhas da música já feita e da que ainda se faz. Explorou a cena go-go e hardcore da capital estadunidense, sentou-se à mesma mesa que Dolly Parton e Willie Nelson em Nashville, cruzou-se com Gary Clark Jr (para obter a quarta faixa do disco “What Did I Do?/God as My Witness”) e ainda teve tempo uma cerveja com Billy Gibbons e ZZ Top em Austin. Pausa para o ingresso a Los Angeles, onde explora discotecas e clubes que fizeram desta um paraíso do glam rock na década de 1980, foi ver do jazz a Nova Orleães, onde chegou mesmo a gravar a faixa “In The Clear” com o Preservation Hall Jazz Band.

A nossa casa será sempre a nossa casa, daí que o regresso a Seattle, onde Grohl se juntou aos Nirvana, tenha sido feito com distinção. Por fim, Nova Iorque e gente como Chuck D ou LL Cool J, do universo dos subúrbios de onde nasceu o hip hop.

Há sempre quem diga que não passa do puxar de uma sardinha para publicitar o disco em questão. Declarações que não nos interessa explorar. Há muitas e boas histórias para ver nesta via rápida, gostos à parte.