Oficial do Exército português assassinado no Rio de Janeiro

Oficial do Exército português assassinado no Rio de Janeiro


Polícia militar é o principal suspeito. O corpo foi encontrado carbonizado


Um oficial do Exército português de 29 anos foi assassinado no Rio de Janeiro por um polícia militar. O crime aconteceu no dia 7 de Abril em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, mas só agora a Divisão de Homicídios da Polícia Civil está prestes a concluir a investigação, tendo já detido três pessoas, entre as quais o polícia Leonardo Ferrari. De acordo com o que o i apurou junto de fontes próximas do processo, Douglas Clemente Ferreira encontrou-se com o polícia e com os seus cúmplices – Vinicius Oliveira e Maicon Bonfacio – para comprar ouro. Com receio de ser enganado, levou um kit para testar a veracidade da mercadoria.

De acordo com o que o delegado Daniel Rosa disse ontem ao i, nesse momento terá havido um desentendimento e a vítima foi levada para um outro local. Douglas levava no bolso, conforme combinado, 40 mil reais (cerca de 13 mil euros), mas o polícia conhecido como Leo Ferrari não levaria o ouro.

Os dois amigos que Douglas também levou para o encontro perderam-lhe o rasto quando a vítima aceitou afastar-se com os três homens que a investigação acredita serem os autores do crime. Douglas ter-se-á deixado levar com a promessa de que iriam assim buscar o ouro.

Mas não foi isso que aconteceu. Ainda que nenhum dos suspeitos tenha até ao momento confessado o crime, ontem, numa conferência de imprensa na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, o delegado Daniel Rosa explicou que os suspeitos terão pegado fogo à vítima, abandonando-a num local de “desova” (onde são encontrados com frequência corpos e carros incendiados).

A identificação do corpo, contou ao i o delegado, só foi possível uma vez que Douglas cerrou os punhos quando foi queimado, o que fez com que as impressões digitais não ficassem totalmente apagadas. O carro em que seguiram até ao local do crime não apareceu, bem como os 40 mil reais, mas a polícia acredita que esses detalhes não comprometem a investigação, que está já a chegar ao fim.

Douglas Clemente Ferreira esteve ao serviço do Exército português entre 2010 e 2012. A informação foi já confirmada ao i por fonte oficial. O jovem luso-brasileiro terá, a partir daí, planeado por diversas vezes um regresso ao país onde nasceu, como revelou o jornal brasileiro “Extra”. Quem o conhecia relata que esta não era a primeira vez que se dedicava à compra de ouro e que tinha o desejo de se fixar no Rio de Janeiro, onde havia chegado há 6 meses. A família, porém, ainda em estado de choque, prefere manter-se em silêncio.

SUSPEITO Leonardo Ferrari é um polícia militar já conhecido dos seus colegas por se envolver em esquemas ilegais. Chegou a estar preso no âmbito da Operação Guilhotina, desencadeada pela Polícia Federal para investigar a corrupção no meio policial. Leo foi apanhado a vender informações tácticas da polícia carioca aos responsáveis pelo tráfico de droga da favela da Rocinha.

A investigação concluiu na altura que a mensalidade que recebia em troca da passagem de informações privilegiadas era bastante generosa. Apesar de ter sido preso, viu a sua pena reduzida quando aceitou colaborar com as autoridades – a chamada delação premiada –, contando os detalhes de toda a rede em que estava envolvido.