David Justino. Falta de aferição das médias de curso dos professores gera injustiças

David Justino. Falta de aferição das médias de curso dos professores gera injustiças


Em causa está um estudo hoje apresentado na Universidade do Algarve


O presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) disse hoje que há falta de aferição relativamente às médias de curso obtidas pelos professores durante o ensino superior, o que considera que gera injustiças no acesso à profissão.

Em causa está um estudo hoje apresentado na Universidade do Algarve, durante o seminário “Formação Inicial de Professores”, que indica, entre outras conclusões, que os docentes que fizeram a sua formação em politécnicos obtiveram melhores médias de curso do que os das universidades.

Em declarações aos jornalistas, à margem do seminário, David Justino considerou que não se trata de um problema institucional entre politécnicos e universidades, defendendo que devem encontrar-se mecanismos de aferição, dado que isso constitui um "factor de injustiça" no acesso à profissão.

"O que falta é precisamente que haja justiça no acesso à profissão e, por aqueles dados que nós temos, não nos dá grandes garantias [de que haja justiça]", observou, mostrando-se preocupado com a inexistência de aferição, que é transversal aos politécnicos ou universidades, sejam estabelecimentos públicos ou privados.

Aos jornalistas, a autora do estudo, Sílvia de Almeida, sublinhou que algumas médias classificativas de professores abrangidos pelo estudo se reportam ainda ao tempo em que a formação era obtida no Magistério Primário, que funcionou até à década de 1980.

"Os dados reflectem o envelhecimento do corpo docente, o ano mais recuado de conclusão do curso é 1963, o que significa que temos docentes com 70 anos ainda no sistema", afirmou a investigadora da Universidade Nova de Lisboa.

O presidente do CNE mostrou-se ainda preocupado com a "relativa desregulação que existe no sistema", pois apesar de existir um conjunto de preocupações que são comuns, o grau de autonomia científica e pedagógica e o mecanismo de regulação que assegura a equidade do sistema não estão em conformidade.

"Temos que encontrar, em primeiro lugar, um maior rigor na definição do perfil de formação dos professores", argumentou, defendendo que o ministério da Educação, por ser o maior empregador de professores, deve ter "uma maior preocupação em enunciar qual é o perfil de docentes que pretende".

Para David Justino, em segundo lugar, é preciso saber se os candidatos "preenchem ou não esse perfil e com que qualidade".

O estudo “Instituições de Formação e Classificação dos Docentes da Educação Pré-Escolar e Ensino Básico e Secundário” analisou a formação dos mais de 125 mil professores que no ano lectivo de 2012/2013 davam aulas nas escolas públicas portuguesas, desde o pré-escolar até ao secundário.

Lusa