O acordo


Com a não antecipação das eleições, Cavaco Silva colocou o país em campanha eleitoral durante seis meses.


O PS apercebeu-se disso e tentou logo marcar a agenda, lançando o seu messias Sampaio da Nóvoa, e anunciando a boa nova na economia através de 12 apóstolos escolhidos para o efeito. Tendo, no entanto, plena consciência do chorrilho de disparates que era dito, quer pelo messias, quer pelos apóstolos, Costa teve o cuidado de deles se distanciar, dizendo que aquilo, afinal, não era a Bíblia. Apesar disso, o Nóvoa e a boa nova tiveram efeitos positivos, permitindo vislumbrar uma alternativa, tendo por isso as propostas sido bem recebidas por comentadores da área do governo, talvez até com mais entusiasmo do que no próprio PS.

Passos Coelho percebeu que tinha de reagir e fê-lo de forma brilhante, anunciando o acordo de coligação no próprio dia 25 de Abril. Com esse acordo matou dois coelhos de uma só cajadada. Primeiro, amarrou o CDS ao PSD, cortando quaisquer veleidades que aquele pudesse ter de servir de muleta a um governo PS. Depois obrigou os dois partidos a escolher um candidato presidencial comum depois das legislativas, cortando assim o caminho a Marcelo Rebelo de Sousa, que só poderá avançar em caso de derrota da coligação.

Em qualquer caso, havendo coligação, a vitória do PS deixa de estar assegurada. Até porque, enquanto PSD/CDS se concentrarão nas legislativas, o PS vai permitir que a campanha de Nóvoa, que esta semana se inicia, se sobreponha à sua própria campanha. All bets are off.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa. Escreve à terça-feira 

O acordo


Com a não antecipação das eleições, Cavaco Silva colocou o país em campanha eleitoral durante seis meses.


O PS apercebeu-se disso e tentou logo marcar a agenda, lançando o seu messias Sampaio da Nóvoa, e anunciando a boa nova na economia através de 12 apóstolos escolhidos para o efeito. Tendo, no entanto, plena consciência do chorrilho de disparates que era dito, quer pelo messias, quer pelos apóstolos, Costa teve o cuidado de deles se distanciar, dizendo que aquilo, afinal, não era a Bíblia. Apesar disso, o Nóvoa e a boa nova tiveram efeitos positivos, permitindo vislumbrar uma alternativa, tendo por isso as propostas sido bem recebidas por comentadores da área do governo, talvez até com mais entusiasmo do que no próprio PS.

Passos Coelho percebeu que tinha de reagir e fê-lo de forma brilhante, anunciando o acordo de coligação no próprio dia 25 de Abril. Com esse acordo matou dois coelhos de uma só cajadada. Primeiro, amarrou o CDS ao PSD, cortando quaisquer veleidades que aquele pudesse ter de servir de muleta a um governo PS. Depois obrigou os dois partidos a escolher um candidato presidencial comum depois das legislativas, cortando assim o caminho a Marcelo Rebelo de Sousa, que só poderá avançar em caso de derrota da coligação.

Em qualquer caso, havendo coligação, a vitória do PS deixa de estar assegurada. Até porque, enquanto PSD/CDS se concentrarão nas legislativas, o PS vai permitir que a campanha de Nóvoa, que esta semana se inicia, se sobreponha à sua própria campanha. All bets are off.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa. Escreve à terça-feira