Grécia. Primeiro-ministro admite referendo ao acordo com credores

Grécia. Primeiro-ministro admite referendo ao acordo com credores


Tsipras critica presidente do Eurogrupo e do BCE mas fala num acordo até 9 de Maio


O primeiro-ministro grego correu com o seu ministro das Finanças das negociações com o Eurogrupo porque os seus parceiros já não o aturavam. Alexis Tsipras confessou isto mesmo na segunda-feira à noite, numa entrevista de duas horas e meia a um canal de televisão grego. 

Mas mais importante do que isso é o reconhecimento de que o possível acordo pode violar todo o programa eleitoral do Syriza e as promessas que levaram os gregos a dar a vitória eleitoral ao partido de extrema-esquerda. Na entrevista, Tsipras admite que vai haver um acordo até 9 de Maio, dois dias antes da reunião do Eurogrupo de 11 de Maio, mas admite que o governo terá de o submeter a um referendo.

O primeiro-ministro recusa o cenário de eleições antecipadas mas, se o povo grego chumbar o acordo, é natural que o único remédio seja o país ir às urnas num ambiente de pré-bancarrota e com a porta do euro escancarada para o país que entrou à última hora no pelotão da frente da zona euro. Na referida entrevista, contada pela Bloomberg e citada pelo “Observador”, o primeiro-ministro lança fortes críticas ao presidente do Eurogrupo e principalmente a Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu. 

Alexis Tsipras acusou Jeroen Dijsselbloem e Mario Draghi de quebrarem promessas e tratarem a Grécia de forma “injusta”. A 18 de Fevereiro, afirmou o primeiro-ministro grego, o BCE tomou uma decisão “política e eticamente não ortodoxa quando fixou um tecto de nove mil milhões de euros no valor de bilhetes do Tesouro que os bancos sistémicos da Grécia poderiam deter, quando o normal seria haver um tecto de 15 mil milhões”. 

Esta decisão, do ponto de vista de Tsipras, significou que os bancos gregos perderam a sua capacidade de refinanciar seis mil milhões de euros em instrumentos de dívida de curto prazo do Estado. O líder grego acrescentou que o presidente do Eurogrupo prometeu que aquele tecto máximo seria removido assim que uma extensão do programa de resgate fosse acordada para além de Fevereiro e que Yanis Varoufakis recebeu a mesma indicação dos seus colegas do Eurogrupo.