Benfica e FC Porto. Uma falta a cada 129 segundos

Benfica e FC Porto. Uma falta a cada 129 segundos


Os árbitros ingleses são elogiados por “deixarem jogar”. Em contraponto, uma das principais críticas que se fazem em Portugal é a tendência para o apito. Mais tarde ou mais cedo, parar o jogo com frequência torna-se uma ferramenta de controlo, mesmo que torne o espectáculo desagradável. E os duelos entre Benfica e FC Porto no…


Os árbitros ingleses são elogiados por “deixarem jogar”. Em contraponto, uma das principais críticas que se fazem em Portugal é a tendência para o apito. Mais tarde ou mais cedo, parar o jogo com frequência torna-se uma ferramenta de controlo, mesmo que torne o espectáculo desagradável. E os duelos entre Benfica e FC Porto no campeonato, esta época, tiveram muito disso:faltas, faltinhas e outras que tais. Sempre com Jorge Sousa como árbitro.

O juiz do Porto apitou 46 vezes durante os 94 minutos do encontro do Dragão e mais 42 nos 95 minutos do jogo da Luz do último domingo. Feitas as contas, os 189 minutos entre os dois primeiros classificados do campeonato tiveram 88 paragens por infracções, o que significa uma interrupção a cada 129 segundos – pouco mais de dois minutos.
O Benfica-FCPorto foi apelidado de jogo do título, mas o espectáculo não foi convidado. Analisando os 270 encontros já disputados do campeonato português, encontram-se apenas 30 com 40 ou mais faltas. E fazendo a estatística acumulada, apenas os duelos entre Boavista e V. Guimarães tiveram mais faltas: 93 no conjunto dos dois encontros –54 no Bessa e 39 no D. Afonso Henriques.

Não há uma perspectiva única para analisar o porquê de existirem jogos com tantas faltas. Pode ser uma questão de critério do árbitro, da postura dos jogadores, da importância do encontro e até do estado do relvado – com chuva, há tendência a haver mais confronto físico. Mas com uma amostra de 30 jogos com 40 ou mais faltas, a análise torna-se mais fácil de fazer.

A primeira aponta para o V. Guimarães. A equipa de Rui Vitória é uma presença assídua:esteve no jogo com mais faltas (27 do Boavista e 27 dos vimaranenses no jogo arbitrado por João Capela, na jornada 24) e em outros cinco encontros disputados em casa e quatro fora. Ou seja, um terço dos jogos desta análise contam com o V. Guimarães.

A segunda aponta para os próprios árbitros. Bruno Paixão tem uma fama e faz por merecê-la. O árbitro de Setúbal pode não ter estado no jogo com mais faltas do campeonato, mas foi o responsável por seis dos encontros do top-11, incluindo o segundo (Académica-Sp. Braga, 48) e dois dos terceiros (Boavista-Gil Vicente e V. Guimarães-Marítimo, com 47). Além de Bruno Paixão, Hugo Miguel (4), Jorge Sousa (3), Olegário Benquerença (3) e Paulo Baptista (3) também surgem em mais do que dois jogos.

Nada impede que uma equipa esteja presente num jogo com 40 ou mais faltas sem ter grande responsabilidade, como aconteceu com o Benfica emBraga – cometeu 14 faltas, mas foi arrastado para a estatística pelas 26 dos bracarenses. Mas o Rio Ave mantém-se incólume e continua a ser o único que não aparece nesta estatística, apesar de já ter feito 20 ou mais faltas três vezes.

Entre os três grandes, a tabela é dominada por Benfica e FCPorto, com cinco aparições cada – duas nos duelos particulares. O Sporting só surge duas vezes: no Dragão e em Braga.