Henrique Neto sobre Nóvoa. “É uma candidatura com  raiz partidária”

Henrique Neto sobre Nóvoa. “É uma candidatura com raiz partidária”


Ex-deputado socialista reúne-se hoje com o PSD e amanhã com o PS.


Henrique Neto, o primeiro candidato a anunciar a candidatura à Presidência da República, vai reunir-se hoje com o PSD e amanhã com o PS, partido de que é militante. O empresário apresenta-se como um candidato distante dos partidos e garante que esse é um dos aspectos que o distinguem de Sampaio da Nóvoa. “É uma candidatura com raiz partidária”, diz Neto sobre o ex-reitor, que apresenta a sua candidatura na próxima quarta-feira, no Teatro da Trindade.

“Foi lançado pelo PS, pelo Mário Soares e pelo próprio secretário-geral do PS, no último congresso do partido. Ninguém tem dúvidas sobre isso”, diz ao i Henrique Neto, convicto de que a escolha nas eleições presidenciais será entre “os candidatos de raiz partidária e os candidatos que se apresentam sem compromisso partidário”.

Neto pediu audiências a todos os partidos políticos. A intenção é incluir na “agenda política” um conjunto de ideias estratégicas para os próximos dez ou 15 anos. “É preciso acabar com esta navegação à vista e criar uma base para um acordo. Vou entregar aos partidos algumas propostas que são estratégicas”, defende o ex-deputado socialista. 
Neto defende que a possibilidade de nenhum partido ter maioria absoluta nas legislativas deste ano torna “ainda mais necessário um acordo” e desafia as forças políticas a clarificarem a política de alianças durante a campanha. “É importante que os portugueses saibam. Os partidos devem dizer o que tencionam fazer. Se estão disponíveis para um acordo.”

Henrique Neto é militante do PS e chegou a ser deputado e membro da comissão política nos tempos de António Guterres, mas entrou em ruptura com o partido com José Sócrates. O agora candidato à Presidência da República foi, nessa altura, um dos poucos socialistas que fizeram duras críticas à governação de José Sócrates. Ao i, após a detenção do ex-primeiro-ministro, Neto garantiu que “há anos que esperava que isso acontecesse”, porque “os indícios eram mais que muitos”.

OPS desvalorizou desde o início a candidatura do empresário. “É-me indiferente”, disse o líder socialista, António Costa. A direcção do PS prepara-se para apoiar Sampaio da Nóvoa e tem a intenção de o fazer antes da campanha eleitoral para as legislativas.

O apoio ao ex-reitor não é, porém, pacifico no interior do partido, apesar de a candidatura ter sido recebida com entusiasmo por figuras como Mário Soares ou Carlos César. O histórico socialista Manuel Alegre disse, esta semana, que é preciso esperar para ver. “Vai haver vários candidatos […] Eu conheço Sampaio da Nóvoa, tenho consideração intelectual por ele como pessoa e como académico. Agora candidato político, para uma candidatura política, é uma coisa diferente, temos de esperar para ver.”

À esquerda, Carvalho da Silva também já deu sinais de que vai avançar e os socialistas críticos da opção da direcção do PS por Sampaio da Nóvoa ainda alimentam a esperança de que surja mais alguém da área socialista. Após as recusas de Guterres, Jaime Gama e Vitorino, alguns socialistas apostam em Maria de Belém. “Parece-me que ainda não rejeitou a hipótese. É uma excelente candidata”, defendeu, nas redes sociais, o deputado do PS João Paulo Pedrosa. As presidenciais são em Janeiro de 2016.