581,00 €


 Trata-se de uma média em que milhares de salários a 505€ compensarão uns poucos salários de 5000€.


Num artigo de opinião publicado no JN de título semelhante, Mariana Mortágua escreveu que a média do salário bruto estabelecido em contratos de trabalho desde Outubro de 2013 são estes vergonhosos 581€. Trata-se de uma média em que milhares de salários a 505€ compensarão uns poucos salários de 5000€. Um valor em que o trabalhador no final do mês leva para casa pouco mais de 500€, o que nos permitirá deduzir que a maioria dos contratos firmados o põe a viver no que o Eurostat classifica como pobreza e cerca de cem euros abaixo dos contratos de estágio para licenciados.

Poderia prosseguir este texto com um sem-número de comparações demonstrativas do agressivo processo de empobrecimento a que estamos a ser condenados. Contudo, creio ser relevante destoar do texto de Mariana Mortágua quando parece situar este conflito entre trabalhador e empresa. Para retirar conclusões sobre quem é o explorado e o explorador importaria perceber quantos destes contratos são de sócios de empresas, ou seja, quantos destes contratos estabelecem o vínculo laboral de um patronato precário e empobrecido. Todos conhecemos histórias de trabalhadores cuja única solução para garantir a continuidade do trabalho com algumas entidades (tantas vezes públicas) ou para conseguir ter um contrato para os próprios foi abrir a sua empresa. O processo de proletarização do empresariado não é recente e é uma condição estrutural imposta. Ainda que o fosso entre explorados e exploradores tenha sido agravado, a sua linha de charneira está progressivamente mais sinuosa.

Por fim importa também lembrar que estes 581€ significam cerca de 810€ para a empresa – incluindo TSU, duodécimos, seguro e saúde no trabalho. Um custo irrelevante para empresas com salários milionários no conselho de administração, um custo angustiante para empresas em que não sobra dinheiro no final do mês. 

Escreve à segunda-feira

581,00 €


 Trata-se de uma média em que milhares de salários a 505€ compensarão uns poucos salários de 5000€.


Num artigo de opinião publicado no JN de título semelhante, Mariana Mortágua escreveu que a média do salário bruto estabelecido em contratos de trabalho desde Outubro de 2013 são estes vergonhosos 581€. Trata-se de uma média em que milhares de salários a 505€ compensarão uns poucos salários de 5000€. Um valor em que o trabalhador no final do mês leva para casa pouco mais de 500€, o que nos permitirá deduzir que a maioria dos contratos firmados o põe a viver no que o Eurostat classifica como pobreza e cerca de cem euros abaixo dos contratos de estágio para licenciados.

Poderia prosseguir este texto com um sem-número de comparações demonstrativas do agressivo processo de empobrecimento a que estamos a ser condenados. Contudo, creio ser relevante destoar do texto de Mariana Mortágua quando parece situar este conflito entre trabalhador e empresa. Para retirar conclusões sobre quem é o explorado e o explorador importaria perceber quantos destes contratos são de sócios de empresas, ou seja, quantos destes contratos estabelecem o vínculo laboral de um patronato precário e empobrecido. Todos conhecemos histórias de trabalhadores cuja única solução para garantir a continuidade do trabalho com algumas entidades (tantas vezes públicas) ou para conseguir ter um contrato para os próprios foi abrir a sua empresa. O processo de proletarização do empresariado não é recente e é uma condição estrutural imposta. Ainda que o fosso entre explorados e exploradores tenha sido agravado, a sua linha de charneira está progressivamente mais sinuosa.

Por fim importa também lembrar que estes 581€ significam cerca de 810€ para a empresa – incluindo TSU, duodécimos, seguro e saúde no trabalho. Um custo irrelevante para empresas com salários milionários no conselho de administração, um custo angustiante para empresas em que não sobra dinheiro no final do mês. 

Escreve à segunda-feira