O governo está a tentar novamente vender a TAP. Como seria de esperar, são muitos os problemas num processo que dura há anos. Se por um lado estão os trabalhadores, entre eles os pilotos, que querem deter 10 % a 20% da companhia, por outro deparamo-nos com os potenciais compradores, que, quando se detêm no que se passa na empresa, repensam a sua estratégia e mostram-se reticentes na sua aquisição.
Há dias foi anunciado o fecho das contas de 2014, que se saldaram num prejuízo de mais de 80 milhões de euros. No seu todo, o Grupo TAP tem uma dívida de mais de mil milhões de euros. Ora estes resultados surgem num momento em que o preço do petróleo está baixo e já não explica prejuízos anteriores, como os de 2008, em que o preço do crude atingiu valores recorde.
Quando se compra uma empresa, se herda um bem ou se recebe o quer que seja, importa ter em conta não só o activo mas também o passivo. E o que se passa com a TAP é que o passivo, que não é apenas a dívida da empresa, mas também as obrigações e limitações a que o interesse político a sujeitou, supera muito o seu activo.
O problema da TAP já não é a mera perda de valor, mas não valer quase nada. Pode ser chocante para muitos, mas uma empresa não se avalia pela emoção, menos ainda quando aqueles que com ela se comovem não gastariam nela um euro que fosse. É aliás por isso que são contra a sua privatização. Querem uma empresa, mas o povo que pague por ela.
Advogado. Escreve à quinta-feira