O Poveiro. A Póvoa de Varzim já deixa marca


Poveiro vive do mar e para o mar. Para o Poveiro, quando o mar dá, ninguém junto dele é pobre, ninguém que o rodeia passa miséria. O Poveiro é o mais ousado pescador da costa, afoitando-se às maiores distâncias. O Poveiro é dominado, subjugado e embriagado pela pesca. Quem não é Poveiro, não é boa…


Poveiro vive do mar e para o mar. Para o Poveiro, quando o mar dá, ninguém junto dele é pobre, ninguém que o rodeia passa miséria. O Poveiro é o mais ousado pescador da costa, afoitando-se às maiores distâncias. O Poveiro é dominado, subjugado e embriagado pela pesca. Quem não é Poveiro, não é boa bisca.”

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Não somos boa bisca então. Brito Pinheiro, da Póvoa de Varzim, não hesita em encher-nos um email com as características de um “Poveiro”, o nome dado aos habitantes da Póvoa de Varzim. “Muito mais haveria a dizer mas penso que estas características já são suficientes.” Fiquemo-nos por estas então, embora haja outra descrição feita por nós que resuma tudo em versão publicável no Twitter:“O Poveiro é a primeira marca da cultura da Póvoa de Varzim e até tem T-shirts com homenagens aos pescadores destes e doutros tempos.” 140 caracteres.

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Brito Pinheiro, de 44 anos, Miguel Andrade, 48 anos, e Roger Amorim, 40 anos, “um grupo de pessoas que amam a Póvoa e que têm um bairrismo muito concreto”, palavras do primeiro, juntaram--se para criar uma marca “inspirada no livro com o mesmo nome de António dos Santos Graça”, explica. “Ao ler o livro, que reflecte os usos, as tradições e as lendas do povo piscatório da Póvoa de Varzim, percebemos que havia matéria interessante para o revivalismo, para mostrar às pessoas como eram os nossos costumes.”
Não alteraram os conteúdos do livro, mas quiseram dá-los a conhecer a “poveiros e pessoas que visitam a Póvoa de Varzim” de uma maneira diferente, com “um design moderno”, que se adequa na perfeição a estampados de T-shirts ou às publicações de Facebook.

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Para divulgar a marca, que ganhou forma há seis meses, começaram por recuperar as siglas das famílias poveiras, que vão lançando nesta rede social. “Na altura os poveiros não sabiam escrever e na altura as famílias começaram por desenvolver as suas siglas que eram a sua marca” – na página ao lado pode ver algumas. Por exemplo, a assinatura da família Lagoas ou da família Quilores, conhecidas famílias locais, que à primeira vista parecem meros rabiscos.

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As siglas aguçam a curiosidade para os outros objectos da marca que tem “merchandising cultural” novinho em folha. Canecas, pins, T-shirts… Para já existem três colecções com nomes e conceitos inspirados no livro – “Moro à Beira-Mar” é uma delas.

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Em breve haverá um site onde se pode comprar o merchandising desta nova marca, mas por enquanto só se podem ver os produtos na página de Facebook e encomendá-los por email ou por telefone. E as encomendas têm chegado do outro lado do oceano. “Existe uma grande comunidade de poveiros espalhados pelo mundo e por isso temos recebido encomendas de fora e de pessoas que querem enviar para o estrangeiro”, conta Brito. “O poveiro, por ser pescador foi imigrando ao longo desta década e é por isso que até existe a Casa do Poveiro de Toronto, a Casa do Poveiro do Rio de Janeiro ou de São Paulo.”