Mais quatro anos.” Três palavras e um tweet bastaram para fazer história. A primeira reacção no rescaldo da contagem dos votos, que lhe garantia o segundo mandato presidencial, correu mundo e tornou-se o comentário mais epidémico da história. Bom, pelo menos em Novembro de 2012, quando 480 mil retweets validaram o recorde que, mais tarde, chegaria a atingir a fasquia dos 750 mil. Eis senão quando, em plena cerimónia dos Óscares de 2014, a anfitriã Ellen DeGeneres reúne as tropas frente à câmara de um smartphone e uma selfie torna-se tão partilhada que consegue levar o pássaro do Twitter à exaustão.
Nada que abale o reinado de Barack Obama, que durante a campanha eleitoral até se disponibilizou para responder ao desafio da comunidade online Reddit “Ask Me Anything”, e que então associava aos seus vitoriosos caracteres uma foto a abraçar a mulher, Michelle. Mais um momento de intimidade, ou um daqueles gestos omnipresentes na vida de qualquer cidadão comum. Depois temos ainda as “Coisas que Todos Fazem mas de que Ninguém Fala”, a mais recente investida do presidente na realidade virtual, nova jogada de mestre com 23 milhões de reproduções em apenas 24 horas. https://www.healthcare.gov/ era o endereço a promover e Barack voltou a mostrar como um instante certeiro na internet pode fazer mais pela reforma do sistema de saúde do que cem intermináveis e enfadonhas reuniões. Num vídeo para o BuzzFeed, distribuído em exclusivo pelo Facebook, desdobra-se em caretas frente ao espelho, é filmado a tirar selfies (até com o auxílio de um popular stick), e isto resulta em “marketing viral de ouro”, segundo Jack Marshall, do “The Wall Street Journal”, que simplifica a receita do triunfo. “Aqui está uma forma de divulgar planos de saúde: pôr o presidente a gozar com ele próprio.” Os norte-americanos só precisavam de 100 dólares por mês para melhorar a sua vida. O presidente só precisou de dois minutos para espalhar a palavra, na pele do pastor moderno que não estranharíamos encontrar na fila do supermercado, a despejar o lixo, ou na bancada de um estádio a assistir a um desafio. Feitas as contas, a mensagem essencial de cada passo na rede cabe na brevidade de mais um tweet: “Ele é um de nós.”
A veterania da equipa de Obama remonta a 2008, período da primeira corrida ao cargo mais importante do mundo, quando o responsável pela campanha, Dam Siroker, explicou como um simples site diferenciador dos restantes assegurou doações extra no valor de 60 milhões de dólares. E se os meios tradicionais continuam a marcar a actualidade, os formatos digitais são, desde sempre, uma prioridade do presidente. De resto, o vídeo para o BuzzFeed foi precedido por uma entrevista de fundo conduzida pelo chefe de redacção, Ben Smith. Semanas antes, dois jornalistas de um dos meios online em maior expansão, o Vox, também conversaram com Obama sobre a actualidade nacional e internacional.
Entretanto, sabe quem são GloZell Green, Hank Green e Bethany Mota? Não se preocupe. Ciente de que um simples vídeo pode hoje atingir uma audiência bem mais vasta que qualquer presença num late night televisivo, é claro que Obama sabe quem são. Falamos de três das maiores estrelas do YouTube, campeões de visualizações que partilham reflexões e conselhos sobre beleza, com milhões de subscritores. A 22 de Janeiro, o presidente dos EUA sujeitou-se às perguntas do mediático trio – e chegou a mais uns quantos milhões.
O vírus Obama está longe de começar e acabar no chefe do clã. Na retina prevalece a imagem de Michelle, que aproveitou a internet para vitaminar a sua causa. Não é por acaso que fazemos das vitaminas verbo. A alimentação saudável é o cavalo-de-batalha da primeira-dama, que usou um vídeo para responder a uma pergunta de Alphacat, conhecido imitador de Obama, e para dançar ao ritmo de “Turn Down for What”, de Dj Shake. Tudo isto, enquanto manuseava um nabo e fazia trocadilhos entre a letra da canção e o nome do tubérculo. Cem milhões de visualizações e está feito.
Last but not least, seria injusto esquecer as celebridades de quatro patas. Sim, Obama também sabe que, depois dos humanos, e se não mesmo antes deles, os animais são dos maiores congregadores de likes do planeta. Do contexto doméstico para os olhos do público, as mascotes disseminam-se pelas redes sociais. Bo, o cão-d’água português prometido às filhas, não foi excepção. Nem Sunny, que em 2013 lhe foi fazer companhia. Ambos habitam na Casa Branca, a segunda residência oficial do presidente, depois da internet.