Resolução para 2015: ler mais livros. Se esta é uma daquelas que está na sua lista, siga o programa intensivo recomendado por Maria Ramos Silva. Não é preciso vestir o fato-de-treino nem calçar os ténis. Apenas boa vontade
Se perde demasiado tempo no Facebook, talvez dê por si a pensar que mais valia empregar essas horas a ler em vez de gastá-las a vigiar perfil alheio. Por outro lado, é provável que se tenha cruzado com uma das resoluções de ano novo de Mark Zuckerberg: fazer isso mesmo, dedicar mais horas da sua vida à leitura. O fundador daquela rede social manifestou o seu desejo para 2015 e quer que o resto da comunidade virtual o acompanhe. Para tal, criou uma página que funciona como um clube de leitores, chamada Um Ano de Livros. “O Fim do Poder”, de Moisés Naím, é a primeira obra da lista (para uma introdução na matéria, leia a página seguinte). Há mais esforços que provam que a complementaridade dos suportes consegue ser mais forte que a rivalidade entre eles. E que a rotina do fitness pode inspirá-lo a estar sempre em forma no que toca ao consumo de literatura. Preparado para ler mais? Vamos ao aquecimento.
olhe menos para o telemóvel
É mais atractivo fixar os olhos num mil- -folhas, num palmier recheado ou num pastel de nata que numa bicicleta (ainda para mais daquelas que não saem do mesmo sítio)? Sim, é capaz de ser. Mas, por momentos, vale a pena fazer vista grossa à prateleira dos doces. É escusado abdicar do açúcar para a eternidade, assim como não vale a pena acreditar que vai conseguir sobreviver muito tempo afastado do seu telefone inteligente. Experimente usar a imagem de fundo como lembrete. Escolha uma frase apelativa (“mais vale ir ler um livro”) ou a imagem de uma página de um clássico inspirador. Teste também o recurso regular ao modo de voo, para não ser incomodado.
esqueça os maus livros
A vida é curta. Demasiado curta para perder tempo com maus livros ou, pelo menos, com livros que, à partida, não satisfazem os seus critérios. Eles, os livros, estão por todo o lado, em todas as variantes e estantes, e o difícil, por vezes, é seleccionar a solução mais adequada. Lá está, um pouco como o recém-ingresso num ginásio. Tomou a decisão de se inscrever, apresenta vontade para dar e vender, mas uma parte de si torce pelos movimentos da zumba enquanto a outra suspira pelo Pilates. Se costuma manifestar uma certa resistência à leitura, resta-lhe ser minimamente razoável quando vasculhar o imenso cardápio de títulos. Para se orientar, tem sempre a “regra das 50”, defendida pela bibliotecária e escritora best-seller Nancy Pearl. Segundo a norte-americana, o limite máximo de oportunidade que devemos dar a um livro é de 50 páginas. Se, chegado a esta fasquia, não vê diminuir o seu nível de bocejo, não insista. Parta para outro.
sempre consigo
Esta é uma regra tradicionalmente mais acessível para as senhoras e respectiva artilharia pesada no interior das carteiras – o que não quer dizer que os cavalheiros , sobretudo os fãs de gadgets que ajudem a monitorizar os treinos, não possam aderir à tendência. Andar sempre com um livro atrás pode não parecer a política mais conveniente, mas é tudo uma questão de hábito. Não queremos que se transforme numa daquelas pessoas que atravessa passadeiras com o nariz enfiado entre páginas, mas garantimos que vai agradecer a companhia de um livro enquanto espera numa estação de metro ou no intervalo de um espectáculo. Prefira uma versão de bolso ou um formato relativamente leve para facilitar o processo.
os senhores que se seguem
Repare, esta não é uma meta isolada. Ler um livro e nunca mais repetir a façanha é o mesmo que gabar-se ao seu colega do escritório que passou dez horas seguidas enfiado num ginásio – e depois não voltar a lá pôr os pés o resto do mês. Vale a pena aproveitar cada minuto livre para desfrutar do seu livre-trânsito, e ter presente que a leitura atrai a leitura, qual processo contagioso. Não basta escolher um livro para dar o pontapé de saída; o ideal é pensar de imediato num leque de opções a considerar quando terminar essa leitura.
da biblioteca ao kindle
Ok, você nunca foi fã de ginásios, mas até não se importa de desentorpecer as pernas por aí. A moda das corridas, ou do running (para parecer que está, de facto, a protagonizar uma actividade incrível), ainda consegue ser de borla; portanto, não há desculpas. Da mesma forma que, se não tem paciência para as modernas ofertas nos ginásios (sessões de Antigravity?), pode sempre ir jogar uma futebolada ou caminhar junto ao rio com os amigos. Aplicando o conceito ao universo da leitura, há gostos para tudo. Entre em regime oldschool e registe-se na biblioteca mais próxima, ou adira de vez ao Kindle e esteja atento às bagatelas. Feiras com livros em segunda mão ou ebooks a rodos também facilitam o processo. Que o dinheiro, ou falta dele, não seja desculpa. Vá, também aceitamos audiobooks, em desespero de causa.
reorganize os horários
Qualquer novidade na rotina exige um pequeno ajustamento na sua agenda. Programe acordar uma hora mais cedo ou ir para a cama uma hora mais cedo. Lembra-se daquele livro que agora anda sempre consigo para todo o lado? Abra–o na hora de almoço. Por outro lado, se lhe é fácil dispersar-se em casa, cedendo à tentação da TV, do computador ou de milhentas outras actividades, procure um sítio alternativo. Escolha um café agradável e relativamente sossegado, ou um mero banco de jardim, e tire partido dessa disciplina.
promova clubes de leitura
Já se sabe que tudo se torna mais simples quando secundado por apoio moral. Admita: é imprescindível o empurrão daquela sua amiga com quem se inscreveu nas aulas de RPM, quando tudo o que lhe apetece é ficar em casa frente à lareira embrulhada numa manta. Com os livros, o fenómeno é semelhante. A união faz a força e, por isso, lembre- -se de promover um clube de leitura. Basta criar um grupo numa plataforma online e dar largas à discussão. Reúna outros iniciantes na matéria, ofereça e peça sugestões, estabeleçam prazos para concluírem cada empreitada. Entretanto, aproveite para publicar os seus progressos nas redes sociais. Mas não perca demasiado tempo com isso, claro, senão teremos de recambiá-lo para a casa de partida destes exercícios.