Marques Mendes, sem querer discutir se as declarações de José Sócrates à TVI, foram ou não uma entrevista, considera que o antigo primeiro-ministro quis com estas influenciar a opinião pública.
“Há dois tipos de defesa: judicial e na praça pública. Sócrates acha que influenciando a opinião pública, influencia ajustiça, por isso, usa-a”, disse o social-democrata à SIC.
O comentador considera curiosa a altura em que surgem estas declarações. “Porque surge isto agora? Porque daqui a umas semanas vai ser decidido o recurso. E como ele acha que deve influenciar a opinião pública, esta é a altura ideal”, frisou.
Quanto ao conteúdo das declarações, Marques Mendes disse que há duas teses. A da acusação e a de Sócrates. A acusação diz que o dinheiro é do antigo chefe de Estado e não de Santos Silva. Já Sócrates garante que é do seu amigo, o engenheiro Santos Silva.
Na opinião do comentador, “Recorrer a um amigo ou familiar para pagar uma dívida é normal, mas de uma forma constante e tanto dinheiro é estranho”.
“Admitindo que Santos Silva é um grande amigo, acha normal que não haja um papel a provar o empréstimo? Imagine que Santos Silva morre, como os herdeiros sabem que são credores de Sócrates?”, questionou.
Ainda com dúvidas, Marques Mendes continuou a expor uma série que dúvidas. “Quanto ao apartamento da mãe na Braamcamp, Sócrates diz que foi vendido por 600 mil euros e que a mãe deu-lhe parte. Então e pagou parte a Santos Silva?”.
“Há ano e meio, Sócrates deu uma entrevista à RTP e disse que vivia em Paris com empréstimo da CGD. Então por que razão não disse a verdade toda (sobre o empréstimo de Santos Silva) nessa altura? Por que razão ele não esclarece?”, continuou.
O ex-líder do PSD considerou ainda que do ponto de vista político, as declarações de Sócrates à TVI compõem um bom documento, mas que do ponto de vista jurídico são inconsequentes.
“Há mais dúvidas que certezas”, atirou, acrescentando que Sócrates tem razão quando diz que A violação do segredo de justiça é detestável. Defendeu, contudo, que ele tem uma vantagem. “Tem palco”, sublinhou.
Quanto ao facto de a visita de António Costa a Sócrates ter demorado tanto tempo, o comentador da SIC afirmou que “António Costa é um político muito habilidoso. Foi lá no último dia do ano, porque é o dia menos mediático do ano”.
Marques Mendes elogiou ainda o discurso do líder do PS, quando saiu do estabelecimento prisional de Évora. “À saída fez um discurso diferente dos outros, não fez considerações. Disse ‘deixem a Justiça funcionar’”.