Regresso às aulas. Aprenda a poupar na factura final


O início de um novo ano lectivo representa uma verdadeira dor de cabeça para as famílias portuguesas, pelo menos do ponto de vista financeiro. Este ano, está previsto um gasto menor em relação a 2013. De acordo com um estudo da Cetelem, as famílias esperam gastar cerca de 509 euros, menos 16 euros em relação…


O início de um novo ano lectivo representa uma verdadeira dor de cabeça para as famílias portuguesas, pelo menos do ponto de vista financeiro. Este ano, está previsto um gasto menor em relação a 2013. De acordo com um estudo da Cetelem, as famílias esperam gastar cerca de 509 euros, menos 16 euros em relação ao ano anterior.

A maioria dos inquiridos (36%) pensa despender entre 250 e 500 euros para preparar o início do ano lectivo, 26% estimam gastar até 250 euros e outros 12% pensam ficar entre os 500 e 750 euros. De notar que, comparativamente com o ano passado, a percentagem de famílias a gastar menos de 250 euros aumentou substancialmente, dos 17% para os 26%. O número de famílias a gastar mais de 1500 euros também cresceu, mas continua a ser residual (6%, face a 2% em 2013). Nestes gastos incluem-se vestuário, mensalidade escolar, material e outros itens necessários (ver gráfico ao lado).

Hipermercados As grandes superfícies continuam a ser os espaços eleitos pelos consumidores para fazer compras. Cerca de 80% pretende fazer as suas aquisições de material escolar nos hipermercados, mas as compras pela internet continuam a ganhar terreno, uma vez que 22% deverão conseguir adquirir o material sem ter de sair de casa. A verdade é que recorrer à reutilização de material e de livros escolares e não comprar tudo o que os filhos pedem são alguns dos truques utilizados cada vez mais pelos consumidores para fazerem face a estes gastos, que vêm penalizar ainda mais o já de si asfixiado orçamento familiar. “Tento não deixar tudo para a última hora, aproveitar ao máximo o material do ano lectivo anterior que ainda está bom e, acima de tudo, comprar ao gosto dos meus filhos, mas sem recorrer a modas, porque geralmente esse material é bem mais caro”, revela ao i Cristina Pereira.

Este não é um caso isolado e a maioria dos portugueses está mais contida na hora de comprar. Aproveitar as promoções dos hipermercados, das livrarias ou até mesmo das editoras é outra forma encontrada pelos pais para conseguirem comprar tudo a preços mais acessíveis.

Recorrer aos sites na internet das editoras e dos livros pode fazer toda a diferença no momento de pagar. Estes livros são exactamente iguais aos que poderia comprar numa loja física, mas as cadeias oferecem uma percentagem de desconto pela encomenda online, bem como outras condições favoráveis, nomeadamente portes gratuitos ou vales de desconto para compras futuras. A escolha é variada: a Wook, a Porto Editora, o Continente (descontos em cartão tanto nos manuais como no material escolar), a Leya e a Bertrand oferecem descontos nas compras feitas online e as “promoções” poderão ser ainda maiores em determinados materiais, como dicionários, livros de preparação para os testes, etc… Mas os preços reduzidos não se ficam por aqui. Os hipermercados também estão a fazer promoções ao material escolar nas suas páginas da internet. Por exemplo, é possível comprar cadernos A4 a 49 cêntimos, apara-lápis a menos de 0,60 cêntimos, conjuntos de 10 esferográficas a 54 cêntimos e mochilas a 9,99 euros.

Recorrer ao crédito Esta é uma das formas encontradas pelas famílias portuguesas para fazerem face a estes gastos habituais no início de cada ano lectivo. Aliás, de acordo com o estudo da Cetelem, muitos consumidores admitem que poderão ter de recorrer ao cartão de crédito (cerca de 36%), mas irão gastar menos do que no ano passado. Segundo o documento, “há a intenção de gastar 274 euros com o cartão de crédito em compras do regresso às aulas “, quando no ano passado o valor médio era de 376 euros. Por outro lado, aumentam as famílias que pretendem usar os cartões de fidelidade para fazer compras: no ano passado eram 37% e este ano são 61%.

Mas não se esqueça de que essa escolha de recorrer ao crédito implica juros, tornando o material mais caro do que realmente é. Apesar de os créditos rápidos prometerem como vantagens a celeridade, a comodidade e a menor burocracia, implicam sempre juros mais elevados, entre os 20 e os 30%, o que pode vir a complicar ainda mais a situação financeira da família. Mas para aqueles que não têm outra alternativa e estão a pensar em pedir um financiamento a curto prazo, a utilização do cartão de crédito ou o saldo a descoberto da conta ordenado pode ser a melhor solução.

Troca de livros   e mercado em 2.ª mão

A troca de livros está na moda e ganhou um novo fôlego na internet. Para fazer face à crise financeira foram criados uma série de movimentos que promovem a reutilização dos manuais. A fórmula é simples: oferecem livros escolares por todo o país a custo zero.
O Movimento pela Reutilização dos Livros Escolares – iniciativa informal de cidadãos que promove a criação e divulgação de bancos de recolha e troca gratuita de livros escolares em todo o país – é um desses exemplos e já conta com bancos de partilha distribuídos pelos 19 distritos do Continente e Açores, faltando apenas a Madeira.
Como funciona? Quem estiver disposto a doar os manuais só tem de se deslocar ao banco mais próximo e depositá-los. Já aqueles que precisam de recorrer à reutilização e querem dar-lhes uma segunda vida devem ir a um desses bancos verificar se os manuais de que necessitam estão disponíveis, sem qualquer custo associado.
O mercado em segunda mão também está a ganhar relevo. O portal de classificados OLX apresenta mais de 90 mil referências na categoria livros escolares. “Isto significa que os portugueses estão a mudar os seus hábitos de consumo e que estão a recorrer cada vez mais ao OLX com o objectivo de baixar a fatia do orçamento familiar que está reservado ao regresso às aulas”, refere o CEO do site, Miguel Monteiro.