A estrutura sindical dos jornalistas no grupo Controlinveste acusa a administração de pretender fundir os títulos Diário de Notícias e Jornal de Notícias e realizar um “despedimento coletivo/seletivo”, num comunicado em que anuncia uma petição de protesto.
Em 11 de junho, a administração do grupo anunciou a intenção de despedir 140 trabalhadores, dos quais 64 jornalistas, e negociar a saída de mais 20, argumentando com “a evolução negativa do mercado do mercado dos media, tanto em Portugal como na Europa, e a acentuada quebra de receitas do setor”.
No comunicado, divulgado pelo Sindicato dos Jornalistas na quinta-feira, interroga-se: “Como pode defender a Administração que “continuará a informar as pessoas onde quer que estas se encontrem”, com a dispensa de 160 trabalhadores? Como pode insistir que este processo tornará o “grupo mais plural, mais forte, o mais influente e respeitado do país”?”
Mais à frente, pormenoriza-se a situação nos diversos títulos, designadamente a “redução” do DN e JN às respetivas sedes, a TSF com “um défice óbvio nas equipas” e a Global Imagens a “deixar de poder entrar no mercado de agências de fotografia”.
No caso daqueles títulos da imprensa escrita, adianta-se que “num e noutro, o [secção de] País ficou reduzido a quase nada, a Política levou forte machadada, sobretudo no JN, com o argumento de que é área que não interessa aos leitores, e a Cultura no DN foi quase esvaziada”.
Os sindicalistas acrescentam que esta situação na Controlinveste “encerra uma breve, mas fecunda, história de despedimentos, extinção de títulos, de perda e de perdas”.
A este propósito, recordam que “em 2009, foi o primeiro despedimento coletivo com a dispensa de 119 trabalhadores (60% de jornalistas)”, a que se seguiu o encerramento, em junho de 2010, do diário “24 Horas” e do gratuito “Global”.
Na comunicação aos trabalhadores, em que divulgou a intenção de fazer os despedimentos, a administração da Controlinveste Conteúdos afirmou que “iniciou um processo de corte de custos com efeitos imediatos”, especificando que “neste âmbito foram já identificadas algumas rubricas que permitirão uma poupança de cinco milhões e quinhentos mil euros equivalentes anuais”.
O conselho de administração da Controlinveste é presidido por Daniel Proença de Carvalho, desde a recente recomposição acionista que integrou no capital da empresa os empresários António Mosquito (27,5%) e Luiz Montez (15%), além dos bancos BCP e BES (ambos com 15%). O anterior proprietário, Joaquim Oliveira, passou a deter 27,5%.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela Agência Lusa