O ex-presidente democrata-cristão Ribeiro e Castro considerou hoje que a derrota da coligação PSD/CDS-PP nas europeias foi um sinal de protesto e descontentamento mas não de rotura e defendeu que não há razão para haver crise política.
Em declarações à Agência Lusa, Ribeiro e Castro defendeu que ninguém tem razões para proclamar vitória face a uma “Europa profundamente doente” e a uma abstenção recorde, mas, a nível interno, disse constatar vários “votos de protesto”.
Nas eleições para o Parlamento Europeu, a coligação Aliança Portugal, composta pelos partidos do governo, PSD/CDS-PP, obteve 27,7% dos votos, perdendo para o PS, que ficou pelos 31,4 %. A CDU registou 12,6%, o MPT 7,1 e o BE 4,5%, quando estão apurados os resultados em todas as 3.092 freguesias de Portugal e em 54 dos 71 consulados, e quando ainda falta atribuir quatro dos 21 eurodeputados, segundo dados da Direção Geral de Administração Interna (DGAI).
“Há um resultado muito mau, é o pior da história, que nada pode diminuir, do PSD e do CDS. É o pior resultado dos dois partidos, de longe, seja separados, seja coligados. Este resultado é o pior `score´ da história para o centro-direita e para a direita democrática em Portugal, nunca vi uma coisa assim”, afirmou.
O deputado centrista considerou que “devem ser verificadas as razões que levaram a tão profundo desencontro com o eleitorado” e que “é preciso uma retificação na forma como se atua enquanto partidos de uma coligação” que exige “mudanças, muita verdade interna e capacidade crítica”.
“Não há nenhuma razão para haver crise política, mas há que analisar cuidadosamente os resultados e o que tiver conserto, consertar”, disse.
Os resultados mostram também que a votação nos três partidos significa que “na linguagem do PCP, que os partidos da `troika´ ainda tiveram 60 por cento dos votos, ou seja, que os portugueses estão descontentes, protestam, estão alheados mas estão conscientes de que as dificuldades que o país atravessa são reais e resultam de uma situação financeira difícil em que o país foi colocado.
“Não há, apesar de tudo, roturas profundíssimas à grega, que seriam catastróficas. É claro que os portugueses não querem roturas à grega”, destacou.
Dizendo que “com exceção do MPT, todos foram derrotados”, Ribeiro e Castro frisou que o resultado dos socialistas mostra que “os eleitores quiseram dizer que o PS, tal como está, não é alternativa.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela Agência Lusa