Os cabeças de lista do PS e da coligação Aliança Portugal manifestaram hoje divergência sobre a mutualização da dívida, num debate em que Rangel defendeu Durão Barroso na presidência do Conselho Europeu e Assis pediu uma mudança.
Num debate hoje transmitido em direito, através da Internet, pelo novo jornal on-line Observador, o cabeça de lista do PS às eleições europeias de 25 de maio, Francisco Assis, destacou que a grande diferença entre o PS e os candidatos da coligação PSD/CDS-PP está na mutualização da dívida.
“É que a direita diz que não é viável e nós entendemos que isso [mutualização da dívida] tem que se tornar viável e temos que travar um combate político nas várias instâncias europeias no sentido de tornar isso viável. Não é só bom para Portugal, é bom também para a Europa”, disse Francisco Assis. Em resposta, o cabeça de lista da coligação Aliança Portugal, Paulo Rangel, referiu que “o PS português está sozinho” nesta questão, porque Martin Schulz, candidato do Partido Socialista Europeu à presidência da Comissão Europeia, defende que “a mutualização está fora da agenda”.(Corrige no primeiro parágrafo a informação relativa a um futuro cargo de Durão Barroso. O candidato Paulo Rangel referia-se à hipótese de Durão Barroso vir a ser presidente do Conselho Europeu e não recandidato à Comissão Europeia)
“Se ele for presidente da comissão não vai avançar com esse projeto”, adiantou Rangel, defendendo que “ainda não estão reunidas as condições” para a mutualização da dívida.
Segundo o candidato do PSD/CDS-PP, o percurso de consolidação das contas públicas e de afirmação da economia portuguesa “ainda não estão num nível em que possamos passar para a mutualização.
“Aquilo que nós estamos absolutamente conscientes é que isso ainda não é viável neste momento, porque há países que estão contra e curiosamente são os socialistas europeus que estão contra”, argumentou Rangel.
Por sua vez, Francisco Assis esclareceu que “Martin Schulz tem dito que não há ainda, neste momento, um consenso no quadro europeu no sentido de favorecer a mutualização da dívida”.
Nesse sentido, o cabeça de lista do PS considerou que se deve colocar “permanentemente essa questão na agenda política e apresentá-la como um compromisso eleitoral”, sendo essa uma questão em que os socialistas se vão debater no Parlamento Europeu.
“Se nós tomarmos a atitude do Paulo Rangel nunca vai haver mutualização da dívida”, atirou Assis.
Rangel disse ainda que o PS “anda a prometer coisas que não pode cumprir”, sendo isso “uma coisa tipicamente socialista”.
No debate entre os candidatos do PS e da coligação PSD/CDS-PP, Paulo Rangel considerou também que a hipótese de Durão Barroso vir a ser presidente do Conselho Europeu “seria uma coisa extremamente positiva para Portugal e para a União Europeia”.
“Se houver essa hipótese, acho que não está afastada, não é provável, mas não é impossível, ainda está ao alcance” disse, sublinhando que “não há político europeu em condições tão boas de desempenhar esse cargo”.
Já Francisco Assis, afirmou que, neste momento, “a Europa precisa de uma mudança”, considerando não ver qualquer “vantagem que o Durão Barroso continue a exercer função de primeira responsabilidade no espaço europeu”.
O número um da lista do PS às eleições europeias desafiou ainda o Governo a procurar consenso para a escolha de um comissário europeu português.
“Era muito importante que Portugal ficasse com uma pasta forte. É muito importante que haja da parte do Governo português uma perspetiva de entendimento com outras formações partidárias, não numa ótica de negociação entre partidos, mas no sentido de se chegar a um consenso em torno de um nome consagrado”, disse Assis.
Rangel defendeu que “Portugal deve apostar tudo na escolha de uma pessoa que possa ser candidato a uma pasta forte”.
*Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa