Jean-Claude Junker juntou-se este fim-de-semana à campanha da coligação “Aliança Portugal” com a mira apontada ao PS. O candidato do Partido Popular Europeu (PPE) à presidência da Comissão Europeia pediu aos eleitores portugueses para “não acreditarem” em quem empurra a responsabilidade de reduzir o défice “para as gerações seguintes”. Palavras ditas um dia depois de António José Seguro ter garantido que não aumentará impostos, caso vença as legislativas de 2015 (ver páginas 22 e 23).
Junker foi recebido por Passos Coelho na sede do PSD, em Lisboa. No final do encontro, o ex-primeiro-ministro luxemburguês deixou algumas palavras aos jornalistas tiradas a papel químico da campanha do PSD/CDS. Junker lembra que o rigor nas contas públicas deve ser permanente e reconhece a “coragem e determinação” dos portugueses, que no sábado viram o governo encerrar os três anos do programa de assistência financeira. O candidato do PPE esteve dois dias em Portugal, e teve tempo para ouvir o líder do PS apresentar o seu programa de governo. Com as promessas de Seguro em mente, Junker lembrou que “os que querem acrescentar défice ao défice são os que remetem as dificuldades para a geração seguinte”.
No sábado, Junker tinha já deixado críticas ao PS, mas perdeu-se em considerações quando quis ligar o percurso dos socialistas ao “português” Cristóvão Colombo. “Eles lembram-me um dos vossos compatriotas mais prestigiados: Cristóvão Colombo. Quando partia nunca sabia para onde ia, quando chegava nunca sabia onde estava, e era o contribuinte que pagava a viagem. É desta forma que procedem os socialistas dos nossos dias”, disse.
O governo chegou ao fim do programa, mas Passos Coelho continua a recusar “euforias”, da mesma forma que recusa que “as coisas possam correr mal” – ainda que o país esteja por sua conta e risco para lidar com os juros nos mercados. Sábado foi “um momento carregado de simbologia”, mas este é, insiste Passos, o momento de assinalar que os sacrifícios dos portugueses “valeram a pena”.