Cerca de cem rapazes de um liceu de Nantes (oeste de França) foram hoje para a escola de saia numa iniciativa contra o sexismo, autorizada pelas autoridades escolares mas que causou polémica.
Algumas dezenas de membros de organizações que se opõem ao casamento homossexual, legalizado em França há um ano, manifestaram-se contra a iniciativa em frente do liceu Clémenceau e envolveram-se em confrontos com os estudantes, o que levou a polícia a intervir para separar os dois grupos.
No total, duas centenas de rapazes e raparigas, todos de saia, participaram na iniciativa, intitulada “O que a saia levanta”, lançada por representantes dos alunos e autorizada pelas autoridades escolares.
“Pedi emprestada à minha irmã” ou “a minha mãe emprestou-ma”, explicaram alguns alunos à agência France Presse, mostrando saias azuis, roxas, pretas ou às flores, justas, com folhos ou pregas.
A iniciativa provocou forte polémica em Nantes, com políticos de direita e organizações anti-casamento homossexual a lançarem uma campanha de protesto nas redes sociais e manifestações, hoje e na quinta-feira, junto ao liceu.
Além do convite aos alunos e alunas para usarem saia ou um crachá no dia de hoje, a iniciativa previa debates sobre o sexismo nos liceus.
“Vim de saia para lutar contra o sexismo. E, depois do que se passou ontem (a manifestação contra a iniciativa), fiquei ainda com mais vontade”, explicou um aluno, Louis, à France Presse.
“Isto não tem nada a ver com o casamento homossexual. Para mim, é muito importante que as mulheres possam ter os mesmos direitos que os homens”, disse Pierre, outro aluno, acrescentando que “de manhã” sentiu “muito frio” nas pernas.
“A minha mãe estava super contente por lutarmos desta maneira, o meu pai achou um pouco estranho, mas não é contra”, explicou Barthélémy.
Sarah, Ileana, Lea e Anne, todas de saia, explicaram que não usam normalmente saia na escola por causa “dos olhares” e “dos comentários pelas costas”.
“Agrada-nos (ver os rapazes de saia), porque francamente foram corajosos, não tiveram medo do ridículo, admiro-os”.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico