Esta história segue a tradição que acompanha o currículo de tudo o que é samurais no cinema: era uma vez um herói da espada japonesa que se vê obrigado a vingar o seu mestre; naturalmente, o dito mestre foi vítima da habilidade e maldade – tudo ao mesmo tempo – de um vilão que não tem par no mundo dos vilões. Quem é que o vai vingar? Keanu Reeves, claro, que veste a pele de Kai, o protagonista desta fita assinada por Carl Rinsch e que tem estreia portuguesa marcada para o dia de Natal. O actor fala do seu gosto por este tipo de enredos e recorda como teve de aprender coisas inesperadas.
O que é que “Ronin 47 – A Grande Batalha Samurai” tem de especial para o Keanu Reeves querer fazer parte do filme?
Gosto de argumentos que tenham a ver com honra, vingança e sacrifício, sem esquecer a história de amor trágico. Gostei também do meu personagem, um outsider que tenta recuperar a sua honra.
De que forma esteve envolvido com o projecto?
Vi “47 Ronin – A Grande Batalha Samurai” evoluir e mudar com Carl Rinsch, que respeitou bastante todos os elementos que foram inspirados pelo folclore japonês. Fazer parte desta aventura e colaborar com Carl na história foi uma grande experiência.
Por falar em folclore japonês, já conhecia a lenda dos 47 Ronin antes de trabalhar no filme?
Não conhecia a lenda mas, assim que soube do projecto, fiz a minha investigação e li o máximo que pude sobre o assunto. Este filme é um daqueles raros exemplos de algo que aparece no nosso caminho e é entusiasmante logo desde o início.
Interpreta o papel de Kai, o personagem principal. Como o vê?
Vejo-o como um outsider que luta por ser aceite, como um imigrante. Ele é honrado e um homem de carácter, o que o ajuda a ter os pés bem assentes na terra. Kai está também um pouco amaldiçoado e tem consciência disso mesmo.
Como se preparou para o papel?
Vendo as coisas globalmente, tentei basicamente familiarizar-me com o material e pensei onde se situava o meu personagem na história. Achei sempre que a história do outsider e destes Ronin que se tornam samurais renegados era universal, porque todas as cidades, todos os lugares, vivem este tipo de acontecimentos e de problemas de integração. Tentei aproximar-me de quem era Kai e como isso o afectava. Queria que o meu personagem fosse digno e respeitasse os outros e o mundo à sua volta. Queria também que ele fosse um homem capaz, um caçador que está ligado à natureza.
A que tipo de treino teve de se submeter para o papel?
Estava ansioso por trabalhar com a katana, a espada longa japonesa. Treinei bastante com o especialista Tsuyoshi Abe e trabalhei com as equipas de duplos. Hiroyuki Sanada, que faz de Oishi, também me deu algumas dicas. Fiz muitos exercícios com a espada e também tive de fazer dieta.
Pode falar-nos brevemente sobre os personagens principais da história e da relação deles com Kai, começando pelo Lord Asano?
Lord Asano é o governante de Ako. Ele toma o meu personagem debaixo da sua asa depois de ter sido abandonado e criado pelos senhores Tengu, que eu considero como monges. Sempre vi Lord Asano como um governante iluminado e uma figura paternal.
O braço direito de Lord Asano é o guerreiro Oishi. Como explica a relação entre Oishi e o seu personagem?
Inicialmente, Oishi vê Kai como uma espécie de demónio e tem dificuldades em lidar com ele. No entanto, a relação entre eles vai mudando à medida que a história avança. Oishi pede ajuda a Kai para restaurar a honra da casa de Asano.
Quem é Mika?
Mika é a filha de Lord Asano, com quem Kai estabelece imediatamente uma ligação.
“47 Ronin – A Grande Batalha Samurai” é uma história de acção e aventura que inclui também uma maravilhosa história de amor.
A relação de Kai com Mika inclui-se na grande tradição das histórias de amor impossível. Aquele amor puro e o desejo de algo que não pode acontecer é, de certa forma, uma dor doce. Atinge-nos num ponto fraco.
Está rodeado por um excelente elenco japonês. Que nos pode dizer sobre Hiroyuki Sanada, que interpreta o papel de Oishi?
Já tinha visto algum do trabalho anterior de Hiroyuki e sabia alguma coisa acerca dele, mas conhecê-lo foi especial porque ele é um cavalheiro e uma estrela de cinema a um nível épico. Hiroyuki é um mestre e é maravilhoso trabalhar com ele.
Trabalhou também com grandes actores como Tadanobu Asano e Rinko Kikuchi, entre muitos outros.
Também já conhecia o trabalho de Tadanobu Asano e Rinko Kikuchi antes de me envolver no filme. A verdade é que toda a gente estava entusiasmada com esta história e com a participação no mundo que Carl Rinsch estava a criar. Demo-nos todos muito bem e sentimos que fazíamos parte de algo especial.
Como é Carl Rinsch como realizador?
Carl é muito cooperante e apaixonado. É extraordinário a trabalhar a história, mas é também um visionário com grande energia e entusiasmo.
Gostou do lado de acção e de artes marciais da história?
Gosto muito de fazer filmes de acção e estava muito entusiasmado por ir participar num filme de samurais. Os combates foram duros mas muito divertidos de fazer.
Houve algumas mossas e feridas pelo caminho?
Como trabalhei com grandes profissionais, não levei muita pancada, embora tivesse atingido Hiroyuki Sanada algumas vezes por engano.
A história não funcionaria sem um vilão poderoso. Temos Lord Kira, que é auxiliado por uma bruxa e por magia negra para atingir os seus objectivos maléficos.
Lord Kira e a Bruxa fazem um excelente par e achei realmente que conseguiram uma actuação com bastante rasgo. São uma maravilhosa e deliciosa dupla de vilões com um toque nostálgico, o que os torna simpáticos.
De que maneira os considera simpáticos?
Lord Kira sente-se pouco apreciado. O mesmo acontece com a Bruxa, que deseja sentir aquele amor terreno que ele lhe nega. De certa forma, são vítimas das suas paixões. Gostei dessa sofisticação, da complexidade de ambos serem extrovertidos ao ponto de irem à procura do que querem e de, ao mesmo tempo, estarem tão feridos.
Trabalhou em muitos filmes com efeitos especiais inovadores. “47 Ronin – A Grande Batalha Samurai” combina a tecnologia CGI com os cenários meticulosos que foram criados para o filme.
É verdade, criaram cenários tão fantásticos que sentimos que fazemos realmente parte daquele mundo. Coube ali tanta coisa! Além disso, o trabalho que fizeram com os efeitos especiais e com as criaturas foi magnífico.
Neste caso, o que é que o 3D pode acrescentar?
Os produtores souberam, logo de início, que iam fazer um filme em 3D e tudo foi feito tendo isso em conta. Gostei do tempo e esforço que despenderam para trabalhar especificamente o 3D e do cuidado que tiveram com a história.
O que pode o público esperar de “47 Ronin – A Grande Batalha Samurai”?
O público pode esperar um grande filme com excelentes temas. É um filme que entretém mas que possui também um certo intimismo na história e na interpretação que espero que as pessoas também apreciem. Há acção, drama, romance e suspense. O filme tem de tudo!
Entrevista: © Universal Pictures







