“O carro eléctrico não morreu, mas está a ser objecto de cirurgia estética.” Esta foi a resposta do secretário de Estado da Energia à pergunta do moderador do debate na conclusão da Conferência da Associação de Energias Renováveis (APREN), que se realizou na semana passada em Viana do Castelo, sobre a saúde de mais um projecto bandeira do anterior executivo.
Artur Trindade não explicou a natureza da intervenção nem revelou qual deverá ser a nova cara do Mobi.com, uma aposta que ambicionava colocar Portugal na linha da frente da mobilidade eléctrica. A meta era chegar a 2020 com 750 mil veículos e o governo até financiava com cinco mil euros a compra de carros eléctricos, subsídio entretanto retirado.
O projecto previa uma rede nacional de 1300 postos de carregamento, concentrada nas cidades, mas também disponível em bombas de gasolina.
É visível um número não determinado de postos em Lisboa, mas não foi possível obter, até ao fecho desta edição, informação actualizada sobre a dimensão da rede, qual o investimento e quem o financiou. O que parece óbvio, pelo menos a um observador mais atento, é que quase não há procura para os carregadores. Para o secretário de Estado é evidente que o carregamento na via pública, um processo que demora algumas horas, dificilmente poderia seduzir os utilizadores. “Ninguém quer usar mesmo à borla, quanto mais pagar para usar”, realçou Artur Trindade. Terão de ser encontradas soluções para abastecer o veículo em casa.
António Sá da Costa, presidente da APREN, reconhece que Portugal não tem capacidade, nem mercado para liderar o processo, mas acredita que esta é uma realidade que mais cedo ou mais tarde se vai impor. Mas primeiro os preços têm de baixar.