Beirute. Funeral de chefe de serviços de informação termina em confrontos


Depois de participarem no funeral do general Wissam al-Hassan, chefe dos serviços de informação libaneses, morto na sexta-feira num atentado bombista, na capital do país, milhares de pessoas dirigiram-se ontem ao edifício do gabinete do primeiro-ministro Najib Mikati para pedir a demissão dos chefes de governos libanês e sírio. Os manifestantes terão tentado invadir o…


Depois de participarem no funeral do general Wissam al-Hassan, chefe dos serviços de informação libaneses, morto na sexta-feira num atentado bombista, na capital do país, milhares de pessoas dirigiram-se ontem ao edifício do gabinete do primeiro-ministro Najib Mikati para pedir a demissão dos chefes de governos libanês e sírio. Os manifestantes terão tentado invadir o edifício, mas foram reprimidos pelo lançamento de gás lacrimogéneo e pelos disparos para o ar efectuados pela polícia.Os ânimos começaram a subir de tom ainda durante o funeral de al-Hassan. Na cerimónia fúnebre, o ex-primeiro-ministro Fouad al-Siniora tinha dito que não haveria “nenhuma negociação antes de o governo sair. Nenhum diálogo sobre o sangue dos nossos mártires”, numa referência à tensão que se vive dos dois lados da fronteira entre Líbano e Síria.Durante a tarde de ontem, na Praça dos Mártires, no centro de Beirute, ouviram-se gritos a exigir uma mudança radical dentro do país e na vizinha Síria, onde os confrontos entre as forças de Bashar al-Assad e os opositores ao regime duram há mais de um ano e meio e o número de mortos ascende a mais de 26 mil pessoas.

“Uma só revolução em dois estados”, lia-se ontem numa das bandeiras levadas para o protesto, onde se elevaram também retratos do general Wissam al-Hassan, apresentado como “o mártir da justiça e da verdade”. Al Hassan era próximo de Saad Hariri – o rosto da oposição libanesa e forte crítico do regime de al-Assad na Síria – e surgia como um dos principais candidatos ao comando das Forças de Segurança Interna do país, no final deste ano.

As declarações de ontem do chefe da diplomacia francês, Laurente Fabius, vieram também inflamar a situação. “É provável” que tenha havido intervenção síria no atentado à bomba em Beirute, que resultou na morte de três pessoas na sexta-feira, entre as quais o chefe do serviço de informações libanês.

“Não sabemos ainda o que está por trás do ataque, mas tudo indica que se trata de uma extensão da estratégia da Síria”, considerou Fabius.O responsável pela diplomacia francesa acusou ainda o presidente sírio Bashar al-Assad de “ampliar o conflito” dentro do seu país e deu claros sinais de os franceses estarem “solidários com o povo libanês e com o seu governo”.Para acompanhar o funeral de Wissam al-Hassan, o chefe do governo libanês destacou um alargado contingente policial.

Mas o reforço de segurança não impediu que um grupo de jovens, estimado em cerca de “duas centenas de pessoas”, se “dirigisse ao edifício no centro da cidade”, relatava a agência de informação francesa AFP.Apesar de na rua os manifestantes exigirem a sua demissão e o fim do conflito na Síria – através da demissão de al-Assad –, Mikati já tinha dado garantias de que a sua saída não ia acontecer, a pedido do presidente Michel Sleiman e sob o argumento de que essa era a forma de evitar que se instalasse um “vácuo político” no Líbano.</p>