Os países da Zona Euro arriscam-se a perder mais 4,5 milhões de postos de trabalho nos próximos quatro anos, se forem mantidas as atuais políticas de austeridade, alertou a agência da Nações Unidas para o Trabalho (OIT).
"Sem uma mudança pronta de políticas – para lidar com a crise e recuperar a confiança e apoio dos trabalhadores e empresas – será difícil implementar as reformas necessárias para colocar a Zona Euro de novo num caminho de estabilidade e crescimento", refere a organização num relatório divulgado na terça-feira.
O relatório, intitulado "Crise de Empregos na Zona Euro: Tendências e Respostas Políticas", calcula que o número total de desempregados nestes países, em que Portugal se inclui, pode subir de 17,4 milhões para 22 milhões.
Sublinha que as medidas de austeridade orçamental, nos países em dificuldades financeiras e também nos mais ricos, estão a prejudicar a criação de emprego.
"Num contexto macroeconómico deprimido, estas reformas [de austeridade] provavelmente levarão a um aumento do número de despedimentos sem qualquer impulso à criação de emprego, pelo menos até que a retoma económica ganhe ímpeto", refere a OIT.
Portugal é citado, a par da Itália, como um dos países nos quais o desemprego jovem é mais elevado, embora este atinja percentagens mais preocupantes em Espanha e Grécia, acima dos 50 por cento.
Para a OIT, há "um crescendo de provas" de que pode estar em curso uma recessão prolongada dos mercados de trabalho na Europa, os quais ainda não recuperaram da crise global desencadeada em 2008.
A consequência, adianta o relatório, é um crescente risco de conflitos sociais e cada vez mais desconfiança em relação aos governos, sistema financeiro e instituições europeias.
Em relação ao início da crise, a Zona Euro tem hoje menos 3,5 milhões de postos de trabalho, segundo as contas da OIT.
O emprego continua a cair em metade dos 17 países da Zona Euro, onde 17,4 milhões de pessoas estão atualmente à procura de trabalho.
A solução para uma "retoma num quadro de moeda única", refere a agência da ONU, passa por uma estratégia de crescimento na Zona Euro "com a criação de emprego no centro", sendo abandonadas as abordagens de austeridade e encetadas reformas urgentes nos mercados financeiros.
"Consertar o sistema financeiro, promover o investimento produtivo, reforçar programas eficazes de emprego, manter a proteção social, alimentar o diálogo social e planos orçamentais amigos do emprego retiraria a Zona Euro da armadilha da austeridade e abriria caminho a uma retoma sustentável com coesão social", refere.
O relatório adianta que há agora "mais coordenação" entre os países europeus, após a declaração da cimeira da Zona Euro no final de junho e a proposta Ação para a Estabilidade, Crescimento, Empregos e o Pacote de Emprego da Comissão Europeia.