Internacionalizar pode ser uma estratégia arriscada


Por razões estratégicas ou pela diminuição da procura interna, há cada vez mais empresas que apostam na internacionalização como chave para o crescimento. A COMPTA, empresa da área das tecnologias de informação, “tem na internacionalização uma prioridade”, explica ao i Armindo Monteiro, presidente do conselho de administração. A empresa está presente em Angola e em…


Por razões estratégicas ou pela diminuição da procura interna, há cada vez mais empresas que apostam na internacionalização como chave para o crescimento.

A COMPTA, empresa da área das tecnologias de informação, “tem na internacionalização uma prioridade”, explica ao i Armindo Monteiro, presidente do conselho de administração.

A empresa está presente em Angola e em Cabo Verde, tendo “o grupo COMPTA desenvolvido diversos projectos noutros destinos, como é o caso de Espanha, Polónia, Brasil, Peru ou Qatar”. Contudo, a empresa pretende alargar-se a outros mercados. “Temos realizado diversas abordagens e mantemos alguns destinos em observação. Estamos a estruturar e a avaliar a possibilidade de estabelecer uma presença mais directa no México e em Moçambique”, revela.

Quanto aos riscos inerentes à internacionalização, o presidente da empresa lembra que “antes da partida a lição tem de estar bem estudada para se evitarem riscos relacionados com a adaptação ao destino, à cultura e à legislação”. É ainda fundamental ter em conta “a operação nacional, uma vez que é um pilar da implantação do modelo no exterior”.

Actualmente, os mercados estrangeiros representam cerca de 12% da receita da empresa. “Em 2014 temos planos para que possa atingir os 25%.”

Outra empresa que optou pela internacionalização foi a Sorema, marca de produtos de têxtil-lar que opera na Alemanha, em França, nos EUA, no Reino Unido, na Escandinávia, no Benelux e em Espanha. No total, a empresa exporta para mais de 50 países e obtém cerca de 80% da receita nos mercados externos.

“A internacionalização deu-se com a abertura de empresas nos países-alvo onde sabíamos que dispúnhamos de um produto diferenciador”, revela Ricardo Relvas, director de marketing.

Em 2007, “74% da empresa foi adquirida pelo grupo indiano Welspun”, mas, três anos depois, as diferenças de estilo da nova administração do grupo fizeram com que “a estratégia não passasse pela continuidade da produção em Portugal mas pela sua deslocalização”. Deste modo, a Sorema foi recomprada em 2010 pelos anteriores accionistas, tendo agora capital totalmente português.

Entre os riscos inerentes à internacionalização, a empresa destaca as diferenças culturais. “O processo representou também um grande investimento da empresa e obrigou a um forte esforço financeiro e rigor orçamental”, garante Ricardo Relvas. “A não adaptação da nossa proposta de valor ao que o cliente procura foi o grande risco que corremos, mas conseguimos ultrapassar devido à nossa flexibilidade produtiva.”

O sucesso na escolha dos mercados onde apostar passa por “ter em conta o segmento em que nos encontramos” e “compreender a que ponto é significativa a distância cultural da empresa face ao cliente”. Actualmente, a Sorema pretende alargar-se a mercados como o Brasil, Angola, o Dubai e o Qatar.