A greve dos médicos que decorre entre hoje e quinta-feira não está a afetar as consultas externas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, já que os utentes foram avisados e evitaram deslocar-se ao local.
Na sala de espera das consultas do Hospital de Santa Maria avistam-se poucas pessoas e o ambiente é calmo, como constatou a agência Lusa no local.
Os poucos utentes que se mantêm em espera explicaram à Lusa ter sido avisados pelos respetivos médicos de que iriam fazer greve e que, por isso, não deveriam procura-los para consulta, tendo-se apenas deslocado ali as pessoas que não procuram serviços afetados pela greve, como as análises clínicas, ou para tratar de burocracias.
Presente no hospital, o secretário-geral do Sindicato Independente de Médicos disse à Lusa que ainda não são conhecidos os números da adesão dos médicos, mas que a manhã de hoje está calma e "a correr bem".
"Estamos satisfeitos por constatar nos hospitais que as pessoas aderiram ao apelo de não vir às consultas", afirmou o sindicalista Jorge Lopes da Cunha
Os médicos cumprem hoje o primeiro de dois dias de greve, durante os quais os serviços públicos de saúde vão funcionar como se fosse fim-de-semana ou feriado, num protesto promovido por dois sindicatos e apoiado pela Ordem dos Médicos.
Um dos pontos altos deste protesto é uma manifestação de médicos, "vestidos com bata branca", que está marcada para hoje à tarde frente ao Ministério da Saúde.
Na base deste protesto estão 20 reivindicações dos clínicos, sendo a mais polémica o fim do concurso de aquisição de serviços médicos.
No pré-aviso de greve, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) recusam "as múltiplas e graves medidas governamentais de restrição no acesso aos cuidados de saúde".
Os clínicos identificam como um dos objetivos deste protesto a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Durante estes dois dias, os serviços mínimos e os meios necessários são os mesmos que existem aos domingos e feriados nas instituições de saúde.
Segundo consta do pré-aviso da greve, nestes dias os trabalhadores médicos devem garantir a prestação dos cuidados de quimioterapia e radioterapia, de diálise, urgência interna e indispensáveis para a dispensa de medicamentos de uso exclusivamente hospitalar.
Devem igualmente ser assegurados os serviços de imunohemoterapia com ligação aos dadores de sangue, recolha de órgãos e transplantes e os cuidados paliativos em internamento.
Também assegurada deve ser a punção folicular por determinação médica em mulheres cujo procedimento de Procriação Medicamente Assistida (PMA) tenha sido iniciado e decorra em estabelecimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS).