O líder do maior partido da oposição espanhola (PSOE) ofereceu hoje ao executivo um “grande pacto” nacional para conseguir um modelo de austeridade justa, defendendo, em vez do aumento do IVA, um imposto às grandes fortunas.
Alfredo Pérez Rubalcaba respondeu, assim, ao presidente do Governo Mariano Rajoy depois do chefe do Executivo anunciar, no parlamento, um novo pacote de austeridade orçado em 65 mil milhões de euros nos próximos dois anos e meio.
Medidas que incluem um aumento do IVA, a redução do subsídio de desemprego a partir do sexto mês e o corte do subsídio de natal para a função pública.
Para Rubalcaba é essencial que se concretize um grande acordo nacional que permita uma austeridade justa, que fomente o crescimento económico e que dê confiança ao país em vez de avançar com “os cortes à toa” que, disse, caracterizam o Executivo.
Se o Governo não corrigir os "erros" em política económica, Espanha não vai cumprir o objetivo de défice nem conseguirá crescer.
Especificamente, Rubalcaba apelou a Mariano Rajoy para que, em vez de subir o IVA, procure rendimentos “onde menos danos causam", por exemplo num imposto sobre as grandes fortunas similar ao que têm países como França.
“Acho que não o devem fazer [as medidas hoje anunciadas]. Não o faça. Já subiram o IRPF (IRS), já pedimos um esforço aos cidadãos, não lhes peça outros", disse Rubalcaba no plenário do Congresso de Deputados.
Para o líder socialista subir o IVA será “mau para o consumo” e introduzir um imposto sobre as grandes fortunas é "mais justo" e "economicamente provoca menos danos".
O líder socialista considerou que está demonstrado que Espanha está hoje sob tutela europeia e vigiada intensamente nos âmbitos financeiro e macroeconómico, fruto dos erros de política económica do Governo, que em seis meses piorou todos os indicadores.
O executivo, disse, caracterizou-se por "cortes à toa, retificações, mudanças e improvisações às dezenas", levando o país a ficar submetido a uma vigilância intensa por parte de seus parceiros europeus.
Rubalcaba ironizou depois com comentários recentes do ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, que garantiu que apesar do empréstimo europeu à banca “não virão homens de negro” da 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) para verificar que Espanha cumpre os seus compromissos.
“Virão centenas de homens de negro e de cinzento vigiá-lo a si, senhor Montoro”, disse Rubalcaba, que acusou também o ministro da Economia, Luis de Guindos, de ter “incontinência verbal", o que tem contribuído para aumentar a desconfiança em Espanha.