O vice-diretor da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para o Emprego, Trabalho e Assuntos Sociais afirmou hoje à Lusa que Portugal precisa de retomar o crescimento económico para poder resolver o problema do desemprego.
De acordo com as estimativas da organização hoje divulgadas, a taxa de desemprego em Portugal deverá atingir os 15,2 por cento este ano, aumentando para os 16,2 por cento em 2013. Estes números divergem, em baixa, das últimas estimativas do Governo.
Em declarações à agência Lusa, depois da apresentação do relatório, Stefano Scarpetta afirmou que "a situação do mercado de trabalho português é muito difícil", mas deve ser vista "numa perspetiva mais ampla, considerando a OCDE como um todo (7,9 por cento em maio), e, em particular, a Zona Euro (11,1 por cento em maio)".
"Olhando para Portugal, verificamos um significativo aumento do desemprego (era de 14,6 por cento em dezembro de 2011). Assistimos à passagem de uma grande fração dos desempregados a transformarem-se em desempregados de longa duração, e a um elevado desemprego jovem (36,4 por cento em maio), de longe mais elevado do que a média da OCDE (16,1 por cento)", acrescentou.
Na perspetiva deste especialista, este cenário "requer ação", embora "na medida possível, dados os recursos públicos disponíveis" no país.
"É importante garantir que Portugal consegue crescer. A melhor forma de lidar com o problema do desemprego é a retoma económica", acrescentou.
Stefano Scarpetta considerou ainda que, "no contexto do pedido de ajuda financeira, a reforma do mercado de trabalho deu um sinal positivo, porque atacou alguns dos problemas do mercado de trabalho português, em termos de flexibilidade e encorajando as pessoas a voltarem a trabalhar o mais depressa possível".
Mas, alertou, "por si só, estas políticas podem não resolver o problema". Elas devem, antes, ser "aplicadas como parte de um conjunto mais amplo de medidas".
"A opinião geral, na zona euro e na OCDE, é que a de que precisamos de ter a certeza de que temos o equilíbrio adequado entre consolidação fiscal e promoção do crescimento, não arrastando os países para depressões profundas", acrescentou.
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse estimar que, em 2013, altura em que prevê novo recorde da taxa de desemprego nos 16 por cento (totalidade do ano), esta taxa deverá finalmente começar a inverter a tendência e apresentar melhorias, embora a OCDE aponte agora uma ligeira subida.
Para o conjunto dos países europeus que integram a OCDE, a estimativa aponta para que a taxa de desemprego atinja os 10 por cento em 2012 e os 10,2 por cento em 2013.
Já numa análise com o total dos países da OCDE, a taxa de desemprego, no seu conjunto, deverá fixar-se nos 8 por cento para este ano e nos 7,9 por cento em 2013.