Metro do Porto. Administrador-executivo de Rui Rio confirmado


António José Lopes, o nome sobre o qual a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública levantou algumas reservas, e avançado pela Junta Metropolitana do Porto, vai tomar posse como administrador-executivo da Metro do Porto na próxima sexta-feira, em assembleia-geral. Catorze páginas foram suficientes para dissipar as dúvidas da CReSAP sobre a adequação…


António José Lopes, o nome sobre o qual a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública levantou algumas reservas, e avançado pela Junta Metropolitana do Porto, vai tomar posse como administrador-executivo da Metro do Porto na próxima sexta-feira, em assembleia-geral.

Catorze páginas foram suficientes para dissipar as dúvidas da CReSAP sobre a adequação do perfil de António José Lopes ao cargo, sobretudo porque a sua experiência profissional já incluía uma passagem pela Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP). No essencial, António José Lopes não explicou a sua saída da Vista Alegre, que teve a ver com mudança de accionistas.

Outro pormenor: foi ingénuo ao ponto de escrever no currículo o cargo para o qual se candidatava, o que levou uma série de pessoas a pensar que estava desempregado – isto porque utilizou o modelo europeu, que logo à cabeça pede à pessoa que descreva o emprego a que se candidata, embora o preenchimento do requisito seja facultativo, bastando para isso apagar essa informação.

Ingenuidades à parte, o que a nomeação da Metro do Porto deixou claro é que nem tudo vai bem no reino na Dinamarca. Primeiro, entre Rui Rio e Luís Filipe Menezes, ambos representantes do Porto e de Gaia na Junta Metropolitana, e antagónicos do ponto de vista político, embora os dois autarcas sejam social-democratas. Luís Filipe Meneses é próximo de Miguel Relvas, Rui Rio, apesar da sua personalidade controversa, não nutre particular afeição pelo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.

A própria intervenção da CReSAP no processo, solicitada na manhã da assembleia-geral da Metro do Porto, terá tido a intervenção do secretário de Estado das Obras Públicas, Sérgio Monteiro, um dos muitos membros do executivo próximo de Relvas. A comissão tinha inicialmente como âmbito de actuação dar pareceres sobre a nomeação directa pelo governo de gestores para cargos públicos, tendo agora sido alargadas as suas competências a todos os gestores de empresas públicas, mesmo os nomeados em assembleias-gerais.

Ao presidente da Câmara do Porto não terá passado despercebida esta manobra de última hora. Com uma reserva ao nome avançado pela junta e um chumbo a António Samagaio, o nome escolhido pelo ministro da Economia, a assembleia acabou por ser adiada para a próxima sexta-feira – não porque não estivesse lá nenhum representante do Estado – havia no local um representante do Ministério das Finanças – mas porque este não estava mandatado para votar na reunião magna da Metro do Porto.

Ao mesmo tempo que o nome indicado pela Junta Metropolitana do Porto merecia reservas da CReSAP, os currículos dos dois novos administradores da SCTC eram aprovados pela comissão, tendo um deles, André Sequeira, sido colega de curso do filho de Luís Filipe Menezes, Luís Menezes, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, que transitou directamente da Mota-Engil para administrador da companhia que virá a ser fundida com a Metro do Porto.

A última semana foi pródiga em jogos de bastidores. O ministro da Economia avançou com um novo nome, Miguel Sá Pinto, para administrador não executivo da Metro do Porto, que também foi avalizado pela CReSAP. Pelo sim pelo não, houve mais um nome, este não tornado público, avaliado positivamente pela comissão. João Velez de Carvalho será o novo presidente da empresa, como estava previsto desde o início.

O Ministério da Economia, em nota enviada às redacções, reafirmou que se mantém “integralmente o plano de haver uma administração conjunta na Metro do Porto e na SCTP, tendente a executar a fusão prevista no Plano Estratégico dos Transportes”.