Durante os dois dias de greve dos médicos, os serviços mínimos vão deixar os hospitais e os centros de saúde a funcionar com equipas equivalentes às de domingos e feriados, o que é garantido no pré-aviso de greve. Ontem ao início da noite, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) confirmaram que mantêm a greve para 11 e 12, mas referem que estão disponíveis para voltar a negociar com o ministério de Paulo Macedo na sexta-feira, dia 13.
Os sindicatos e a Ordem dos Médicos referiram ainda que no primeiro dia de greve, amanhã, vão estar milhares de batas brancas num protesto em frente ao Ministério da Saúde. “Há 20 anos que não tínhamos uma expectativa desta grandeza nem assistíamos a uma movimentação com esta amplitude e grau de indignação”, disse ontem à Lusa Mário Jorge Neves, dirigente da FNAM.
Há uns dias, o ministro da Saúde expressou o desejo de estabelecer “de imediato contactos com as organizações sindicais” com o intuito de chegar a um acordo que evitasse a greve. Contudo, as organizações sindicais mantiveram a mesma posição. No domingo, Paulo Macedo decidiu marcar uma reunião com o objectivo de travar a greve, mas nenhum dos sindicatos compareceu.
“Não há nenhum sinal credível que nos permita encarar qualquer hipótese, por mais remota que seja, de não concretizar a greve como espaço legal e constitucional da manifestação da justa indignação dos médicos”, garantiu Mário Jorge Neves.
Já Jorge Roque da Cunha, secretário–geral do SIM acusou o ministro de fazer “uma encenação mediática para dar a entender que só os médicos é que não querem falar”.
Depois da suposta reunião de domingo em que só compareceram os representantes do governo, os sindicatos mostraram-se disponíveis para negociar, mas só depois da greve. Em comunicado, o Ministério da Saúde sublinhou que o governo estava disposto a dialogar com os dirigentes sindicais antes e depois da paralisação.
O fim do concurso de aquisição de serviços médicos, a defesa da qualidade do SNS, os salários com diferenciação técnico-científica, a abertura rápida de todas as candidaturas a unidades com parecer já aprovado e os pagamentos de acordo com a lei em relação ao trabalho extraordinário são apenas algumas das 20 reivindicações na base da greve dos médicos.
Durante a greve, os médicos têm de assegurar os serviços de quimioterapia e radioterapia, diálise, urgência interna e indispensáveis para a dispensa de medicamentos de uso exclusivamente hospitalar.
Os serviços de imuno-hemoterapia com ligação aos dadores de sangue, à recolha de órgãos e transplantes, assim como os cuidados paliativos em internamento também vão ser assegurados.
Com Lusa