Daniel Bessa preferia “sofrer tudo de uma vez” e “partir para outra”


O economista Daniel Bessa criticou hoje a possibilidade de flexibilização no tempo das metas assumidas entre Portugal e a "troika", admitindo que preferia a aplicação de medidas para "sofrer tudo de uma vez" e "partir para outra". "Prefiro sofrer tudo de uma vez, porque senão nunca mais se vê a luz ao fundo do túnel.…


O economista Daniel Bessa criticou hoje a possibilidade de flexibilização no tempo das metas assumidas entre Portugal e a "troika", admitindo que preferia a aplicação de medidas para "sofrer tudo de uma vez" e "partir para outra".

"Prefiro sofrer tudo de uma vez, porque senão nunca mais se vê a luz ao fundo do túnel. Pessoalmente, sou adepto de políticas mais duras e que acabem mais depressa, mas não é esse o sentimento dos portugueses em geral", afirmou à agência Lusa.

Para Daniel Bessa, que falava em Arcos de Valdevez numa sessão sobre o futuro da economia portuguesa, ter mais tempo para o ajustamento da economia nacional "na perspetiva imediata é sempre melhor".

"Os cortes não serão tão grandes, acho que isso, do ponto de vista político, será bem aceite. A alternativa era uma política mais violenta e mais curta, de que eu, pessoalmente, gosto mais", admitiu, reconhecendo, no entanto, tratar-se de uma posição "contrária" ao que pensa "grande parte do país".

"Anseio pelo dia que se possa dizer que as contas estão acertadas, é por isso", disse ainda.

Daniel Bessa reconheceu, ainda assim, que Portugal "não deixará de aproveitar" a "onda europeia" de "abrandar a austeridade" na estabilização das contas públicas, caminho aberto pelas eleições em França e pelo "bater do pé" de Itália.

Dirigindo-se diretamente ao PCP e ao Bloco de Esquerda, Daniel Bessa criticou a opção, defendida por estes dois partidos, de "acabar" com políticas de austeridade em Portugal.

"Será que têm algum saco de dinheiro? Só pode dizer isso quem tem dinheiro na mão e essa conversa, com todo o respeito, não faz sentido", assumiu, classificando como "propostas irrealizáveis" tudo o que não seja austeridade até ao reequilíbrio das contas públicas.

Mais à direita, o economista afirmou ter "finalmente" percebido a "diferença entre o PSD e PS". "É um ano [no período de ajustamento]. Mas depois voltei a ficar sem perceber porque veio o doutor Frasquilho dizer que afinal são dois", ironizou o economista, perante cerca de uma centena de pessoas.

"O dinheiro, em Portugal, é sempre pouco. Essas medidas [de austeridade] vão ser necessárias e a última coisa que me habituei a esperar é por folgas", rematou.