O deputado do CDS João Almeida manifestou-se hoje indignado com as posições assumidas pelo ex-secretário de Estado do Tesouro Costa Pina sobre o Banco Português de Negócios (BPN), considerando-as "revoltantes" por serem baseadas em dados alegadamente "fraudulentos".
Ao contrário da audição do ex-ministro de Estado e das Finanças Teixeira dos Santos na comissão parlamentar de inquérito sobre a nacionalização e reprivatização do BPN, no início de junho, a de Carlos Costa Pina, hoje, suscitou protestos ao CDS e ao PSD.
João Almeida acusou o ex-secretário de Estado do Tesouro e das Finanças de assumir a defesa de teorias "revoltantes" sobre os limites da supervisão face a práticas ilegais na gestão do BPN, fazendo eco da tese preconizada pelo ex-governador do Banco de Portugal e atual vice-presidente do Banco Central Europeu Vítor Constâncio.
O deputado do CDS criticou ainda Carlos Costa Pina por defender a evolução do BPN, ao longo do período em que esteve nacionalizado, com base no aumento do número de depositantes, já que muitos desses depósitos foram criados artificialmente, alguns não ultrapassaram o valor de um euro, estando-se, portanto, perante "uma fraude".
O vice-presidente da bancada socialista Basílio Horta interrompeu a intervenção de João Almeida, acusando o deputado do CDS de estar a colocar em causa a honra do ex-secretário de Estado dos executivos de José Sócrates e contrapondo que, numa comissão de inquérito, os deputados devem fazer perguntas aos depoentes e não pronunciarem-se "sobre estados de alma, em intervenções para jornalista ouvir”.
A resposta a Basílio Horta veio do social-democrata Hugo Velosa, que considerou "natural que os deputados façam comentários quando quem depõe não dá respostas objetivas".
"Temos de fazer com que o depoente seja objetivo, o que não está a acontecer", criticou o deputado do PSD.
Hugo Velosa atacou também o ex-secretário de Estado socialista por se mostrar "surpreendido" com a venda do BPN ao banco BIC, operação já feita pelo atual executivo, e depois diga que não teve conhecimento dos detalhes do processo após sair do Governo a 21 de junho do ano passado.
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