O Banco BIC Portugal tem 1.100 ex-trabalhadores do BPN, acima dos 750 acordados com o Governo, disse hoje o presidente do Conselho de Administração, acrescentando que o objetivo é manter 1.000 desses postos de trabalho.
"Hoje temos 1.100 trabalhadores, comprometemo-nos com o Estado a ficar no mínimo com 750. Vamos procurar manter cerca de 1.000 postos de trabalho", disse Fernando Teles, presidente do Conselho de Administração do Banco BIC.
Fernando Teles está a ser ouvido pelos deputados da comissão parlamentar de inquérito à nacionalização e privatização do Banco Português de Negócios (BPN), numa audição de começou em tom tenso entre o banqueiro e o deputado do PCP Honório Novo.
De acordo com o contrato de compra do BPN por 40 milhões de euros, assinado com o Estado, o BIC está obrigado a ficar com 750 dos 1.580 trabalhadores do banco nacionalizado em 2008. O BIC tem afirmado que acredita que pode ficar com 1.000 ex-funcionários do BPN.
O BIC tem ainda de manter abertas as portas de 160 agências, com Fernando Teles a afirmar que o banco está a fazer "todo o esforço para manter o maior número possível", mas sem adiantar dados específicos.
O responsável do BIC disse que os trabalhadores do ex-BPN entram no BIC com as mesmas condições dos que já lá estão, submetendo-se ao acordo de empresa vigente.
Fernando Teles admitiu, no entanto, não ter a certeza de que a integração do BPN no BIC seja um bom negócio e adiantou que foram precisamente algumas dúvidas, após várias imposições do Estado, que o levaram a desistir do negócio no fim de 2011.
O "peso" de ter sido o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a pedir para regressar às negociações contribuiu para voltar atrás na decisão, confirmou o responsável, que recusou responder sobre uma eventual interferência do Governo de Angola nesse retorno.
Questionado por João Semedo, do Bloco de Esquerda, sobre por que comprou o BPN se tem dúvidas da sua rentabilidade, Fernando Teles afirmou que este banco tinha a vantagem de ter uma rede de agências por todo o país, o que é fundamental para os seus clientes que têm negócios em Angola.
"Uma empresa de Barcelos ou de Vila Real tem dificuldades em ir ao Porto fazer movimentos do dia-a-dia. Precisamos de uma rede para sermos concorrentes de outros bancos portugueses que estão a trabalhar em Angola", justificou.