Saúde. Paulo Macedo diz que se irá “debruçar” sobre propostas de Michael Porter


O ministro da Saúde afirmou hoje que se irá "debruçar" sobre as propostas de Michael Porter para o sistema de saúde, que defendem a criação de unidades especializadas de tratamento centrado no paciente e não nos médicos, hospitais ou clínicas. Paulo Macedo, que falava aos jornalistas no final da conferência sobre "Sistemas de Saúde em…


O ministro da Saúde afirmou hoje que se irá "debruçar" sobre as propostas de Michael Porter para o sistema de saúde, que defendem a criação de unidades especializadas de tratamento centrado no paciente e não nos médicos, hospitais ou clínicas.

Paulo Macedo, que falava aos jornalistas no final da conferência sobre "Sistemas de Saúde em tempos de crise", que decorreu na Universidade Católica, em Lisboa, disse que viu "com interesse as propostas concretas para Portugal" do professor que há 20 anos apresentou um estudo de criação de 'clusters' para Portugal.

"Algumas propostas são bastante pertinentes", observou, acrescentando que Michael Porter "acabou de fazer um estudo sobre o sistema alemão e americano", que embora sejam sistemas muito diferentes do português, "se debatem com o mesmo tipo de questões".

O ministro da Saúde recusou fazer comentários sobre a greve dos médicos marcada para quarta-feira e quinta-feira pelo Sindicato Independente dos Médicos e a Federação Nacional dos Médicos.

O fim do concurso de aquisição de serviços médicos é uma das 20 exigências na base da greve de quarta-feira e quinta-feira que recusa "as múltiplas e graves medidas governamentais de restrição no acesso aos cuidados de saúde".

Michael Porter afirmou hoje que "reduzir os salários dos médicos e enfermeiros não cria valor", até porque estes profissionais devem ser "bem pagos", mas que a solução para o sistema de saúde em Portugal "deve ser centrado no paciente".

"Temos de parar de defender o que foi feito anteriormente, uma vez que ficou demonstrado que falhou", disse Michael Porter, acrescentando que "a bênção desta crise é que obriga a pensar diferente".

O consultor aconselhou Portugal a mudar a visão estratégica da saúde em Portugal, até porque "o problema é solúvel", mas não se pode "continuar com uma organização do século XIX com os avanços tecnológicos do século XXI".

Assim, Michael Porter referiu várias alterações centradas no sistema de valor, criando, por exemplo, unidades de tratamento especializado em grandes áreas para que um paciente não tenha de consultar vários especialistas e a correr de um lado para outro com testes e mais testes médicos.

Esse serviço, segundo o professor da Harvard Business School, deveria ser pago pela totalidade do tratamento e não por serviços individuais: "Há que pagar de forma diferente, um serviço deve ser pago em pacote e não consulta a consulta".

"O desafio de Portugal é desenhar um sistema que aumente dramaticamente o valor centrado no paciente e temos de pensar esse valor por doenças e não por hospital", adiantou.

Atualmente, segundo Michael Porter, Portugal está organizado "à volta dos fornecedores [médicos, hospitais, clínicas, etc.] e não à volta do paciente" e neste sistema "não é possível criar valor", mesmo que "os médicos e enfermeiros sejam os melhores do mundo".