O presidente do Tribunal de Contas considera que a economia portuguesa no segundo semestre “vai ter que continuar a apostar fortemente na ideia de recuperação”, e sublinha como “absolutamente indispensável” a “justa repartição dos recursos e dos sacrifícios”.
“A economia portuguesa vai ter que continuar a apostar fortemente na ideia de recuperação. Há sinais positivos que vêm da Europa, no sentido de incentivar a articulação de instrumentos criadores de emprego, e fatores de justiça distributiva”, afirmou Guilherme d’Oliveira Martins, questionado pela Lusa sobre o estado da Nação, antes do debate com o primeiro-ministro, na quarta-feira, no Parlamento.
No início do ano, Guilherme d'Oliveira Martins já admitira, também numa declaração à Lusa, que 2012 seria “um ano particularmente exigente”, mas avisou que teria de ser “o ano da recuperação”.
“Não podemos esquecer neste momento que a disciplina é fundamental, mas a justa repartição dos recursos e dos sacrifícios é absolutamente indispensável como fator de legitimação. Não podemos esquecer que, se temos a crise, temos também que salvaguardar a democracia”, acrescentou o ex-ministro das Finanças de um governo PS.
O ex-ministro das Finanças confirmou a ideia que “o ano 2012 tem que ser o ano da recuperação”, explicando que ao dizer há seis meses que as atenção não devem centrar "apenas na ideia de austeridade”, quis sublinhar que “mais do que uma noção de austeridade", é preciso "introduzir uma noção de sobriedade”.
“Isto é para dizer que o rigor, a disciplina, têm que ser assumidos como contrapartida natural da justiça, do investimento e do emprego. No entanto, este ano tem-nos reservado algumas surpresas negativas no que se refere à incerteza internacional”, disse, considerando que a situação em Espanha “obriga a uma atenção muito especial por parte da União Europeia e dos seus membros”.
“Neste momento, por isso, e em síntese, diria que temos que continuar a fazer o trabalho de casa, que tem sido feito. E temos que apostar muito claramente na coordenação das políticas europeias e na ideia de governo económico da União”, afirmou.
Neste domínio, Guilherme d’Oliveira Martins constata que “está a fazer o seu curso” uma ideia que defende, que é a da “existência de um vice-presidente do Conselho Europeu para as questões económicas, uma vez que não podemos ter apenas uma união monetária”.
“Temos que ter também uma união económica, com coordenação das políticas do emprego e do investimento, mais projetos europeus criadores de emprego e maior preocupação relativamente à competitividade e justiça", defendeu.