Como em qualquer ramo de negócio, também no vinho é necessário inovar. As marcas são tantas que é preciso acrescentar algo mais ao que está dentro da garrafa, mesmo que seja um bom produto, com qualidades reconhecidas. Estes são exemplos de produtores que em comum têm o facto de serem alentejanos e de, por caminhos diferentes, procurarem o destaque face aos concorrentes nas prateleiras. Seja por mudança de imagem, por extrema personalização de rótulos ou por criação de produtos diferentes e inovadores, a verdade é que os três merecem destaque. Comecemos por João Portugal Ramos, nome de referência na enologia portuguesa com os seus vinhos do Alentejo, na zona de Estremoz. Tal como já havia sucedido na sua gama alentejana de entrada, o Lóios (João Portugal Ramos também produz vinhos na Região Tejo e no Douro), também agora a gama Marquês de Borba aparece com uma roupagem renovada, 14 anos depois da primeira colheita ter sido lançada no mercado. Os rótulos são em diagonal, mais modernos, e vão fazer o consumidor olhar com mais atenção para algo que está diferente num todo que lhes é familiar.
Quanto à Torre do Frade, no concelho de Monforte, no Alto Alentejo (propriedade de Fernando Carpinteiro Albino), além das novas colheitas, também o Virgo aparece com um novo rótulo. Recorde-se que na colheita anterior o rótulo aparecia com um generoso espaço em branco para os consumidores poderem escrever as suas próprias notas, desenhos e mensagens. As melhores que foram enviadas ao produtor são agora reproduzidas no novo rótulo. Uma maneira interessante de fidelizar e cativar novos consumidores.
Já a Sociedade Agrícola da Ervideira lançou um vinho branco feito de uvas tintas, o que não sendo novidade absoluta (recorde-se que muito Champanhe é feito a partir de uvas da casta pinot noir, que é tinta e que até em Portugal há quem faça espumante branco a partir de vinhos da casta baga, que também é tinta. No entanto, raramente esse branco de uvas tintas aparece em extreme, mas quase sempre como tempero de outros vinhos. No caso do Invisível, da Ervideira, o branco é exclusivamente feito de uvas tintas da casta aragonês (designação no Alentejo da tinta roriz do Douro ou do tempranilho espanhol).
Vamos então às notas de prova destas novas colheitas.
Comecemos pela Torre do Frade Viognier Branco 2011 (18€), um vinho com aromas frutados a lima e alperce, a que se junta o abaunilhado da madeira onde fermentou e estagiou. Na boca mostra estrutura, é fresco e complexo, elegante, com notas de fruta e minerais. O final é longo e frutado. Aguenta bem pratos de peixe no forno e também carnes, mesmo que seja novilho ou até borrego assado. Este viognier tem cabedal para isso.
O Virgo (9,99€) é um vinho de lote com as castas arinto (70%) viognier (20%) antão vaz (10%), com aromas cítricos com notas florais e fruta tropical. Razoável volume de boca, fresco e versátil, acompanhando bem entradas e pratos de peixe, mas também um churrasco de carnes.
O Invisível (7,90€) é um vinho feito de uvas tintas. Para se conseguir o efeito, as uvas foram espremidas e o mosto imediatamente separado das películas e imediatamente refrigerado. Na prova de boca é claramente um vinho branco, obviamente sem taninos, fresco na boca, com boa acidez e boa estrutura. Experimente-o com salmão fumado ou com mariscos.
O Marquês de Borba branco (5€) é um vinho (bem feito) das castas arinto, antão vaz, verdelho e viognier. Tem aromas com notas citrinas e alguma fruta, sobretudo limão. Na boca mostra frescura e boa estrutura e alguma mineralidade. Não é um vinho muito complexo, mas antes uma companhia descomplexada que acompanha bem entradas, gaspachos ou até uns jaquinzinhos com arroz de tomate, o meu almoço de ontem.