O coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, apontou hoje o corte nos juros como alternativa que o Governo deve seguir para substituir a poupança gerada pela suspensão do 13.º e do 14.º mês, num comício no Algarve.
O líder do BE discursou hoje em Monte Gordo para várias dezenas de pessoas e respondeu ao desafio do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que no sábado pediu à oposição para apresentar alternativas a essa poupança, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional de declarar inconstitucional o corte nos subsídios de férias e Natal.
“O que incomoda é a injustiça, a desigualdade, é dizer a uma reformada, que descontou toda a vida para receber uma pensão de 500 euros, que vai pagar com impostos, com cortes nos subsídios, cortes na sua vida, para que haja um buraco ser cada vez maior”, disse Louçã, referindo-se aos números da execução orçamental do primeiro trimestre, que apontam para um défice superior a sete por cento.
O coordenador do Bloco apresentou depois o que disse serem “três alternativas consistentes, honestas, diretas e fundamentais para o país” para recuperar o impacto que a não aplicação dessa medida pode ter para o Orçamento do Estado.
“Cortem nos juros, Portugal não tem que pagar 34 mil milhões de euros de juros à ‘troika’, que não cobra juros à banca, mas cobra aos vossos salários”, propôs Francisco Louçã, questionado a plateia sobre “quantos salários, cortes, meses e pensões são precisos para que se juntem 34 mil milhões de euros a uns usurários que acham que Portugal lhes está a pagar uma renda”.
O dirigente partidário considerou que o corte nos juros impostos pela “troika” do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia “é uma questão de dignidade” e apontou também como alternativa cortar nas Parcerias Público Privadas (PPP).
“Cortar nas PPP. Vamos nós pagar até 2040 60 mil milhões de euros. Quantas pensões é preciso cortar para pagar esse valor aos consórcios financeiros, quantos salários são precisos cortar”, voltou a questionar, afirmando que “recuperar o que é nosso é a alternativa”.
Em terceiro lugar, o líder do Bloco apresentou como proposta ao desafio de Passos Coelho “um imposto especial sobre os patrimónios de luxo, àqueles que têm mais de um milhão de euros de propriedades, de ações de títulos”, património que disse não ser tributado em Portugal.
“Aqui tem justiça no combate, seriedade no combate, é assim que se muda o país”, afirmou o dirigente do Bloco de Esquerda.