O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, responsabilizou hoje o ministro da Saúde pela greve dos médicos marcada para 11 e 12 de julho, por "não ter tornado o diálogo possível" entre as partes.
José Manuel Silva falava à agência Lusa na sequência de declarações feitas hoje à tarde pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, segundo as quais dizia estar disponível para dialogar com as organizações sindicais dos médicos “agora e depois da greve”.
"Lamentamos que o ministro não tenha estado disposto para encetar este diálogo há uns meses. Foi, de facto, a indisponibilidade do Ministério da Saúde e do Governo que fizeram com que, infelizmente, se acabasse por culminar neste processo que levou ao desencadear de uma greve", disse o bastonário.
O ministro da Saúde tinha convocado para hoje à tarde uma reunião com os sindicatos dos médicos para a qual os dirigentes anunciaram previamente que não iriam comparecer.
Ao final da tarde, disse aos jornalistas que vai continuar "a procurar soluções com respostas concretas", mas ressalvou que "se dialogar depois da greve, entretanto, os portugueses tiveram prejuízos devido às consultas que ficaram por realizar, e cirurgias que foram adiadas".
Para o bastonário da OM, "a responsabilidade da greve é exclusivamente do Ministério da Saúde e dos seus secretários de Estado".
"Depois do anúncio da greve, só agora o ministro da Saúde manifesta esta disponibilidade para o diálogo, que é, de qualquer forma, mais uma afirmação na comunicação social, do que efetivamente uma verdadeira e séria vontade para o diálogo", avaliou José Manuel Silva.
"Foi o ministro que tornou até agora o diálogo impossível por não apresentação de propostas com uma substância coerente, que fossem de encontro às preocupações das três organizações médicas", acrescentou o bastonário.
Questionado sobre a possibilidade de um acordo antes da paralisação dos médicos, José Manuel Silva respondeu: "Está tudo nas mãos do ministro da Saúde. Ele tem de apresentar propostas concretas, com datas, e que respondam às questões essenciais, e não apenas às questões laterais que levaram ao desencadear deste processo".
"Os médicos estão sempre disponíveis para o diálogo antes, durante, e depois da greve", acrescentou.
A reunião de hoje tinha sido convocada pelo Ministério da Saúde para tentar desbloquear a greve dos médicos prevista para quarta e quinta-feira, mas os dois sindicatos representativos dos médicos, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) tinham anunciado que se recusavam a participar neste encontro.
Numa outra nota hoje distribuída aos jornalistas, o MS dá conta das propostas da tutela para as carreiras e concursos médicos, como o “acordo-quadro para a contratação de médicos em prestação de serviços reduz o número de horas de 2,2 milhões em 2011 para menos de 2 milhões em 2012 e 2013.
Outras das propostas são a “abertura de 900 vagas para concursos destinados à contratação por tempo indeterminado dos médicos especialistas com internato concluído em junho de 2011, privilegiando as necessidades verificadas no Algarve, Alentejo e interior do país”, a contratação de 430 médicos que concluam o internato em setembro e outubro e abertura de concurso para obtenção do grau de consultor para todos os médicos que reúnam os requisitos em 2012.