Mundial de Clubes estreia tecnologia da linha de golo


Wembley, Londres, 1966. Inglaterra e República Federal da Alemanha disputam a final do Mundial e o jogo já está no prolongamento. Com onze minutos, Alan Ball cruzou e Geoff Hurst remata contra a barra, fazendo a bola bater junto à linha, deixando a dúvida se tinha sido completamente dentro ou não. O árbitro Gottfried Dienst…


Wembley, Londres, 1966. Inglaterra e República Federal da Alemanha disputam a final do Mundial e o jogo já está no prolongamento. Com onze minutos, Alan Ball cruzou e Geoff Hurst remata contra a barra, fazendo a bola bater junto à linha, deixando a dúvida se tinha sido completamente dentro ou não. O árbitro Gottfried Dienst ficou na dúvida mas o assistente Tofik Bakhramov garantiu-lhe que era golo. Os ingleses iam ser campeões e a jogada seria imortalizada. Foi golo? Não foi golo?

Os anos passaram e a FIFA foi aguentando a pressão. Os casos sucederam- -se, desde o famoso remate de Petit e Vítor Baía num Benfica-FC Porto, ao de Pedro Mendes num Manchester United-Tottenham, passando pelo golo de Frank Lampard não assinalado no Inglaterra-Alemanha do Mundial-2010. Em Junho, o Ucrânia-Inglaterra do Euro-2012 entrou para a galeria de horrores quando John Terry tirou a bola de dentro da baliza sem que os árbitros o assinalassem.

O tempo mudou e a FIFA quer garantir que este tipo de casos não voltem a acontecer no futebol. Por isso, autorizou ontem a introdução da tecnologia da linha de golo após uma reunião em Zurique, na Suíça. “Decidimos utilizar o sistema no Mundial de Clubes em Tóquio [Dezembro deste ano], na Taça das Confederações [Brasil-2013] e no Mundial de 2014”, afirmou Jerôme Valcke, secretário-geral da FIFA.

O International Football Association Board (IFAB) aprovou ainda a utilização dos cinco árbitros (um principal, dois assistentes e dois de baliza), pondo fim ao período de teste que envolveu competições como a Liga Europa, a Liga dos Campeões e o Euro-2012. No entender dos responsáveis, a existência dos árbitros de baliza foi fundamental para impedir que os jogadores simulassem grandes penalidades. Um membro da IFAB, Patrick Nelson, classificou a decisão de “duradoura” e considerou que será algo que vai ter eco por todo o mundo.

A nova tecnologia será utilizado em situações em que os árbitros considerem que não há certezas a olho nu para determinar se a bola atravessou totalmente a linha de golo ou não. Os casos em que a bola ressalta da trave ou é cortada no último momento pelos defesas estarão entre as situações mais analisadas. Para já, não há qualquer anúncio por parte da FIFA se, à semelhança de outros desportos, os responsáveis das equipas terão direito a contestar a decisão ou solicitar uma revisão, caso os árbitros optem por não accionar as duas tecnologias (Hawk-Eye e GoalRef).

O Hawk-Eye (Olho de Falcão) é utilizado essencialmente no ténis e no críquete e está baseado numa tecnologia de reconhecimento de câmaras. O Goal Ref utiliza um campo magnético em bolas especiais de forma a que seja possível identificar a localização específica da bola. Após anos de queixas e de pressão para que este tipo de tecnologias fossem aprovadas, o futebol junta-se finalmente a outras modalidades em que o recurso a repetições já é um método comum, seja para determinar se um lançamento foi triplo ou de dois pontos (basquetebol), se foi home run (basebol) ou ensaio (râguebi).

A decisão da FIFA surge poucos dias depois de Michel Platini se ter revelado contra a introdução da tecnologia.