Martin Wolf. “Portugal devia ter como objetivo crescer 3% ou 4% ao ano”


O colunista do Financial Times, Martin Wolf, que esteve hoje em Lisboa, considera que Portugal devia ter como objetivo crescer 3 a 4 por cento ao ano, já que é um dos países mais pobres da Europa. "É muito positivo o ajustamento económico em curso, mas Portugal permanece um país pobre, em termos relativos, na…


O colunista do Financial Times, Martin Wolf, que esteve hoje em Lisboa, considera que Portugal devia ter como objetivo crescer 3 a 4 por cento ao ano, já que é um dos países mais pobres da Europa.

"É muito positivo o ajustamento económico em curso, mas Portugal permanece um país pobre, em termos relativos, na Europa. E claro que ainda não estão todos os indicadores equilibrados", salientou o responsável, explicando que a grande questão é saber quando é que a economia portuguesa volta a crescer.

"Portugal devia ter como objetivo crescer 3 ou 4 por cento ao ano", defendeu durante a conferência "Zona Euro. Que futuro?", organizada pelo Jornal de Negócios e pelo BES, frisando ainda que "desde o início da década que tal não acontece".

Sobre a possibilidade de regressar aos mercados, Wolf disse que "Portugal tem tido um sucesso relativo em restaurar a confiança, ou melhor, a mostrar que está a fazer tudo para controlar o défice, e os indicadores que têm saído são encorajadores".

Ainda assim, sublinhou que "para perder a credibilidade nos mercados é um instante, mas para recuperá-la demora muito tempo".

Segundo o colunista, que apontava para a evolução das taxas de juro da dívida pública portuguesa, "desde janeiro que os mercados olham da mesma maneira para Portugal, o que já não acontece com outros países".

Mas "os mercados estão muito pessimistas acerca da Zona Euro e isto é muito assustador", admitiu.

Questionado sobre a utilidade de serem implementadas novas medidas de austeridade no país, Wolf disse ser "cético" sobre essa medida.

"Faria sentido menos austeridade e mais financiamento. As coisas que correram mal [e levaram à crise da dívida soberana na Europa] não foram culpa de Portugal", considerou.

"As pessoas não sabiam bem o que significava a adesão ao euro. Agora, vocês, portugueses, sabem", atirou em tom de brincadeira, provocando uma gargalhada entre a audiência onde figuravam, entre outros, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, o presidente do BES, Ricardo Salgado, o presidente do BCP, Nuno Amado, e o 'chairman' [presidente do conselho de administração] do Banif, Luís Amado.