O primeiro-ministro voltou hoje a rejeitar a renegociação dos prazos do programa de ajustamento financeiro de Portugal, sublinhando que a posição defendida pelo social-democrata Miguel Frasquilho "não é a do PSD nem a do Governo".
Questionado sobre a posição do vice-presidente da bancada do PSD, o qual defendeu que a “troika” devia flexibilizar os prazos do ajustamento financeiro de Portugal, concedendo mais dois anos para o cumprimento das metas fixadas e financiamento adicional, Pedro Passos Coelho frisou que esta é uma opinião de “natureza pessoal”.
“Não é a posição do PSD, nem é essa a posição do Governo”, rematou o primeiro-ministro, questionado pelos jornalistas à entrada do Teatro Politeama, em Lisboa, onde assistiu à estreia do musical “Uma noite em casa de Amália”, de Filipe La Feria.
Passos Coelho sublinhou que “os compromissos são para cumprir” e advertiu: “No dia em que Portugal assumir que os seus compromissos não são para cumprir, a confiança depositada em Portugal desvanece-se, o quadro de dificuldades para os portugueses será muito maior e não será comigo à frente do Governo”.
“Não fui eu, de resto que as contraí [as dívidas], mas estou plenamente empenhado desde o primeiro dia em que tomei posse, em que Portugal possa honrar esses compromissos”, acrescentou.
Em declarações à agência Lusa, feitas a título pessoal, na sequência de posições assumidas num debate na TVI24 na quarta-feira à noite, Miguel Frasquilho sustentou que "o Governo está a fazer um trabalho competente no controlo da despesa pública", mas que do lado da receita há "um desvio orçamental considerável, pelo que dificilmente se conseguirá cumprir o défice de 4,5 por cento" no final deste ano.
"Perante isto, penso que seria justo a 'troika' [Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional] reconhecer o trabalho de casa que o Governo tem feito e premiar esse trabalho de casa com uma flexibilização de prazos que não impusesse mais austeridade aos portugueses", defendeu o antigo secretário de Estado do Tesouro e Finanças.
Quanto ao grau desse prolongamento de prazos, Miguel Frasquilho afirmou: "Não sei se um ano seria suficiente, penso que dois anos podia ser mais apropriado".