Maria de Villota. O sonho feminino da Fórmula 1 fica mais longe


Em Agosto do ano passado, Maria era convidada para testar um Renault 2009. Os rumores correram logo. “Será desta que uma mulher regressa à Fórmula 1?”, interrogavam-se alguns, desiludidos com a falta de mulheres na modalidade há 20 anos. No passado mês de Março, Maria recebia novo convite: desta vez tornava–se piloto de testes da…


Em Agosto do ano passado, Maria era convidada para testar um Renault 2009. Os rumores correram logo. “Será desta que uma mulher regressa à Fórmula 1?”, interrogavam-se alguns, desiludidos com a falta de mulheres na modalidade há 20 anos. No passado mês de Março, Maria recebia novo convite: desta vez tornava–se piloto de testes da equipa Marussia, antiga Virgin Racing. “É desta!”, pensaram os fãs. “Mais cedo ou mais tarde, Maria de Villota tornar-se-á piloto de Fórmula 1.”

Maria sempre teve a mesma esperança, tentando provar que tinha capacidade para isso. E na terça-feira passada era o grande dia – a Marussia ia dar-lhe uma oportunidade. Depois de ter sido contratada há quase quatro meses, terça-feira era a primeira vez em que Maria iria conduzir um carro como piloto de testes no aeródromo de Duxford. Era um passo importante e Maria não o queria desperdiçar. Por volta das nove da manhã, a piloto já seguia ao volante do MR-01. Chovia um pouco quando Maria começou o seu teste, sem problemas aparentes. No final da primeira volta, Maria começou a abrandar o carro. Num dia normal, a história acabaria aqui, mas na terça-feira, algo de inexplicável aconteceu. “Ela abrandou, mas de repente e sem explicação, acelerou e passou pela multidão, acabando por embater no camião [da própria equipa]”, explicou o repórter da BBC Chris Mann, que assistia ao teste.

Os paramédicos acorreram rapidamente, mas a piloto esteve inconsciente durante 15 minutos, deixando todos a antever o pior cenário. A equipa médica demorou mais de meia hora até a estabilizar e levar para o hospital e as notícias de que a piloto de 32 anos corria perigo de vida espalharam-se rapidamente. As reacções não tardaram, com os pilotos Fernando Alonso e Jenson Button a declarar o seu apoio à família. Maria era transportada para o hospital de Addenbrooke, onde ficou em observação. “O capacete dela bateu contra o lado do camião”, adiantou Mann. As lesões na cabeça e na face eram graves, mas os médicos acabaram por classificar a situação de Villota como estável. “Por favor, por favor, que ela fique bem”, declarou Susie Wolff, outra recente contratação feminina (desta vez da Williams). Ao final do dia, Villota já tinha falado ao telefone com a família e tranquilizado o pai, o piloto Emilio de Villota.

Durante toda a noite de terça-feira, Maria foi operada. “Estamos à espera de novidades sobre a operação e depois vamos perceber que parte do cérebro foi afectado”, dizia o presidente da federação de automobilismo espanhola, Carlos Garcia, na quarta-feira de manhã. As notícias chegaram à tarde: “É com muita tristeza que informo que, devido às lesões que sofreu, a Maria perdeu o seu olho direito”, informou John Booth, responsável da Marussia, depois de autorizado pela família. A equipa está a investigar as causas do acidente, que ainda não são conhecidas, mas não é a primeira vez que o MR-01 causa problemas. O carro da Marussia foi proibido de participar na Catalunha, em Março, por não ter passado nalguns testes.