Diversos aspetos do plano da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Grécia “saíram os carris”, admitiu hoje o ministro das Finanças grego após um encontro com representantes da ‘troika’ internacional (UE-BCE-FMI).
“Muitas coisas mudaram durante os últimos três meses, e de facto certos aspetos do programa saíram dos carris (…) esperam-nos anos difíceis, é preciso paciência”, declarou Yannis Stournaras, um economista e ex-banqueiro que prestou hoje juramento para assumir as funções de ministro das Finanças, uma pasta decisiva numa Grécia em profunda crise.
Enquanto a Grécia aguarda uma suavização do plano de rigor imposto pelos credores internacionais, que estão em Atenas para uma nova avaliação das contas do país, em troca de dois empréstimos que atingem os 240 mil milhões de euros, o ministro admitiu que o aguarda um “rude contacto” com os seus homólogos da zona euro durante a próxima reunião do Eurogrupo, prevista para segunda-feira.
“A ‘troika’ disse-me, em tom de brincadeira, que na segunda-feira vou passar por momentos difíceis. Respondi-lhes que estou perfeitamente consciente”, declarou Stournaras à saída da reunião.
Os chefes das missões do FMI, Poul Thomsen, do Banco Central Europeu (BCE), Klaus Masuch, e da Comissão Europeia, Matthias Mors, regressaram a Atenas após três meses de um vazio legislativo e que implicou duas eleições legislativas antecipadas e a constituição, após 17 de junho, de um governo de coligação “direita-esquerda” que se assume como “pró-europeu” mas pretende renegociar o pacote de austeridade num país em prolongada recessão.
Numerosas reformas sugeridas pela ‘troika’ para relançar a economia grega e sanear as contas públicas estão suspensas desde meados de abril, em particular as privatizações, a reforma fiscal ou do aparelho administrativo.
A missão da ‘trioka’ tem como função avaliar a amplitude do défice que pretende reduzir, as medidas a adotar, e anotar as propostas do governo grego. De acordo com os media da capital, os representantes dos credores internacionais devem regressar a Atenas em 24 de julho para firmar um acordo final.
O primeiro-ministro conservador Antonis Samaras, ainda a recuperar de uma operação a um descolamento da retina, terá insistido, segundo o diário Ethnos, no decisivo envio, antes de 20 de agosto, da próxima fatia dos empréstimos internacionais e avaliada em 31,5 mil milhões de euros.
O chefe do executivo e líder do partido Nova Democracia (ND), cujo governo garante o apoio parlamentar do Partido Socialista (Pasok) e da Esquerda Democrática (Dimar), terá ainda insistido na redefinição e aceleração do processo de privatizações e na aplicação da anunciada reforma fiscal.
Samaras pretende ainda um prolongamento de um a três anos do plano de ajustamento orçamental, que inicialmente deveria estar concluído no final de 2014.