Stamford Bridge, Fulham Road, Londres. É pegar no carro, ir em direcção ao Norte da capital inglesa com passagens por Knightsbridge e Trafalgar Square e terminar em White Hart Lane, Bill Nicholson Way. Feitas as contas, André Villas-Boas vai estar a apenas vinte quilómetros de distância e uma hora de caminho (dependendo do trânsito) do local onde se iniciou no primeiro clube estrangeiro da sua carreira, a 29 de Junho de 2011.
Há um ano, André Villas-Boas tinha a Europa a seus pés. Roman Abramovich tinha pago 15 milhões de euros para o levar para o Chelsea, seduzido pela conquista da Liga Europa e da tripleta em Portugal (Campeonato, Taça e Supertaça). A humildade era a ideia-chave na apresentação, salientando a vontade de se apresentar a todos os funcionários e a necessidade de compreender os jogadores e garantir que nada é deixado ao acaso. Por fim, um “Medo de ser despedido? Não. Quero ter sucesso. É o meu desafio. Se não tiver, que se espera que aconteça num clube desta dimensão?”
André Villas-Boas não tinha medo e acabou mesmo por ser despedido. A época parecia destinada ao fracasso mas o sucessor, o antes adjunto Roberto Di Matteo, conseguiu levar o Chelsea à tão ambicionada conquista da Liga dos Campeões. A margem de manobra do português em Inglaterra podia parecer perdida mas o Tottenham viu nele o homem certo para devolver a glória ao clube. O anúncio oficial foi feito no início da tarde de ontem, através do Twitter: “O clube tem o prazer de anunciar André Villas-Boas como treinador principal.”
Mais tarde, no site, chegaram os primeiros pormenores e declarações sobre o acordo. O contrato é válido por três temporadas e o objectivo, claro está, é conquistar títulos. A pressão será menor porque o campeonato foge desde 1960/1961 e, tirando as Taças da Liga em 1999 e 2008, os Spurs não conquistam qualquer título há mais de vinte anos – Taça de Inglaterra em 1991.
“O Tottenham Hotspur é um grande clube, com uma forte tradição e adeptos fantásticos”, afirmou o treinador de 34 anos. “Sinto-me privilegiado por ser escolhido para treinador. Para mim, este é um dos trabalhos mais aliciantes na Premier League. Tive várias conversas com o presidente e a direcção e temos a mesma visão para o progresso do clube. É uma equipa que qualquer treinador gostaria de orientar e acredito que trabalhando juntos podemos obter sucesso nas próximas temporadas.” Mais uma vez, o discurso do treinador na apresentação submete-se a uma ideia de união e de privilégio por ter sido opção. Na última época, Harry Redknapp levou a equipa ao quarto lugar, com 69 pontos, a um do apuramento para a Liga dos Campeões (Arsenal).
Uma das maiores incertezas relativamente à próxima temporada está relacionada com o futuro de Luka Modric. O médio criativo tem sido muito assediado e durante as últimas semanas, foi ventilado pela imprensa britânica que a contratação de Villas-Boas estaria dependente da continuidade do croata. No entanto, se Modric sair, o técnico já apontou a primeira prioridade no ataque ao mercado: o avançado argentino Gonzalo Higuaín.
Gareth Bale, Emmanuel Adebayor, Scott Parker e Rafael Van der Vaart e Jermain Defoe são alguns dos nomes sonantes do plantel que estará à disposição.