CO2. Portugal quer reduzir 60% das emissões até 2050


Portugal planeia reduzir entre 50 a 60% as emissões de gases com efeitos de estufa até 2050. E é nos transportes que está o maior potencial de redução de emissões de carbono: de acordo com o “Roteiro Nacional de Baixo Carbono”, ontem apresentado em Lisboa pelo ministério do Ambiente, é possível chegar a 2050 com…


Portugal planeia reduzir entre 50 a 60% as emissões de gases com efeitos de estufa até 2050. E é nos transportes que está o maior potencial de redução de emissões de carbono: de acordo com o “Roteiro Nacional de Baixo Carbono”, ontem apresentado em Lisboa pelo ministério do Ambiente, é possível chegar a 2050 com menos 64 a 85% das emissões de carbono provocadas pelos transportes em comparação com os níveis de 1990.

O estudo, que levou ano e meio a ser elaborado e entra agora na fase de discussão pública, prevê ainda uma capacidade de reduções entre os 71 e os 82% na produção da electricidade – através da aposta nas energias renováveis –, reduções de 33 a 35% na indústria e entre os 39 e os 53% nos resíduos. Neste último sector, a análise prevê que a meta será concretizável se se acabar, por exemplo, com o lixo nos aterros até 2030. Para a área da agricultura, as perspectivas de redução de emissões de carbono expostas no documento são menores: entre 20 a 37%. Isto porque a agricultura tem já hoje uma menor expressão nas emissões de CO2.

Francisco Ferreira, presidente da Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza), concorda que é na produção de electricidade e no sector dos transportes, que “representam metade das nossas emissões de carbono”, que “há mais potencial de redução”. “A descarbonização da economia passa por dar maior peso às energias renováveis e o futuro dos transportes está nos biocombustíveis e na transição para os veículos eléctricos”, afirma ao i.

Para cumprir o plano de redução das emissões de carbono nos transportes até 85% no espaço de quatro décadas, o presidente da Quercus lembra que é necessário “criar uma política de incentivos” mas “sem cair no desperdício de recursos do anterior governo”. De acordo com as contas da Quercus, o anterior executivo terá gastado “cerca de 50 milhões de euros” a promover o carro eléctrico. Mas não terá conseguido grandes frutos: no país existem hoje apenas cerca de 250 carros movidos a electricidade. “Pôs-se o carro à frente dos bois. Houve uma estimativa muito exagerada.”

Assunção Cristas, ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, afirma que o documento permite fazer o “trabalho de casa” e lembrou que já há medidas a serem executadas como o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética. “A ideia é contribuir para o esforço comum da União Europeia de chegar a 2050 com uma redução de 85 a 90% das emissões. O nosso roteiro fala em cenários de 60 a 70%, o que, considerando a dimensão de Portugal, é suficiente para entrar dentro do objectivo europeu», defendeu a ministra.