O setor dos transportes tem um potencial de redução de emissões entre 64 a 85% em 2050 relativamente a 1990, segundo o "Roteiro Nacional de Baixo Carbono", hoje apresentado em Lisboa.
Denominado pela ministra do Ambiente, como um "instrumento de apoio à navegação", o documento indica para o setor industrial um potencial de diminuição de emissões de carbono entre 33 a 53%, enquanto os valores para a área de resíduos situam-se entre os 39 e os 53% e para a agricultura entre 20 a 37%.
Os números foram transmitidos pelo presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, que explicou que o roteiro "não é uma proposta legislativa", mas um "estudo de trajetórias e medidas de políticas inseridas na legislação" para que haja uma "otimização de custos eficientes até 2050".
Por seu lado, a ministra Assunção Cristas afirmou que o documento vai estar agora "exposto a análise, crítica e melhoramento".
Com este "instrumento de apoio à navegação", a ministra referiu a necessidade de ser feito o "trabalho de casa" nos vários setores para um caminho que "é possível, exigente e que implica mudar o paradigma".
"Em tempo de crise, é altura de mudar também de paradigma", concluiu Assunção Cristas, garantindo que a redução da emissão de carbono é "transversal a várias áreas de atividade" e que todos são convocados: "setor público, privado, social e do conhecimento, em geral".
O documento está a partir de hoje no portal da Internet da APA para discussão pública.
Por seu lado, o secretário de Estado do Ambiente e Ordenamento do Território, Pedro Afonso de Paulo, citou os estudos que "demonstram a urgência" de Portugal se "adaptar e fazer frente aos desafios" devido a estar exposto a alterações climáticas, como provam a seca e a erosão.
O governante garantiu que a transição para uma economia "hipo carbónica" não obriga a "onerar excessivamente as empresas e a sociedade" desde que haja "bom planeamento, bons incentivos e boas políticas públicas".
Para Afonso de Paulo, os custos para as empresas estão no "intervalo razoável de reposição da sua capacidade produtiva".
O diretor da Área Internacional e Estratégia Climática da Direção Geral de Clima da Comissão Europeia e coordenador do Roteiro Europeu de Baixo Carbono, Artur Runge-Metzger, saudou Portugal por ser um dos primeiros Estados membro a divulgar o documento.
O responsável europeu indicou que "floresta e agricultura têm de fazer parte da solução" e ao mesmo tempo que terá de se assegurar comida, terá que se reduzir emissões de carbono, estando a chave, nomeadamente, nos biocombustíveis.
Runge-Metzger propôs a substituição das despesas na importação das energias fósseis por investimentos na criação de trabalho, desenvolvimento e inovação.
Reagindo à notícia do jornal Público de hoje sobre a ausência de Portugal numa reunião internacional sobre baleias, a ministra referiu "não haver verbas" e que as escolhas têm em conta se os encontros são decisivos, ou não, para o país.
A ministra garantiu ainda que no âmbito do Instituto de Conservação da Natureza vai ser criado um mecanismo de apoio para que as candidaturas a fundos comunitários sejam feitas de forma mais "eficaz e profissional", de forma a conseguirem o dinheiro.