Bloco de Esquerda acusa governo e troika de mentirem e arrastarem economia para o colapso


 


 

O Bloco de Esquerda considerou hoje que as mais recentes estimativas sobre a execução orçamental demonstram que Portugal tem vivido "uma enorme mentira" e que as contas públicas indiciam uma economia em vias de colapso.

As acusações foram feitas pelo coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, antes da sessão de lançamento da revista política "Vírus", que tem o dirigente e professor universitário Fernando Rosas como diretor e que neste seu primeiro número reedita um extenso artigo do antigo eurodeputado Miguel Portas, escrito em julho de 1999, com o título "A política ou a vida".

Confrontado pelos jornalistas com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre os três primeiros meses deste ano, que se traduzem num défice de 7,9 por cento, Francisco Louçã sustentou que os números "demonstram que Portugal tem vivido uma enorme mentira".

"É a mentira que os bancos estavam capitalizados, que não havia nenhum problema no sistema financeiro e são seis mil milhões de euros do dinheiro dos contribuintes para reforçar o capital dos bancos; e é a mentira das avaliações da troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia), que estava tudo bem e afinal há uma enorme derrapagem orçamental", apontou o líder do Bloco de Esquerda.

Segundo Francisco Louçã, os resultados da última estimativa do INE são os esperados, "porque se são retirados dois mil milhões de euros aos salários e às pensões e mais 700 milhões na diminuição das remunerações no setor privado, isto quer dizer a procura está a cair, que a economia está a perder e que o desemprego está a aumentar".

"Isto significa que o país está perante uma situação de impasse, de incapacidade de resposta e de colapso das contas públicas, porque não há nenhuma economia que possa responder consistentemente à vida das pessoas caso se mantenha uma crise desta dimensão", advogou Francisco Louçã.

Para o coordenador do Bloco de Esquerda, os indicadores do INE revelam que "o Governo mentiu nas contas, enganou nas soluções e a 'troika' arrastou para um caminho de dificuldades".

"Só saindo deste colete de forças na Europa e em Portugal, recusando uma austeridade que persegue as pessoas, é que será possível que o país tenha uma economia que possa responder às dificuldades", contrapôs Francisco Louçã.