UE. UGT receia que 120 mil milhões de euros para crescimento não sejam “dinheiro novo”


A UGT questionou hoje a utilidade dos 120 mil milhões de euros acordados pelos líderes europeus para investir no crescimento se não passarem de uma reafectação de fundos, e defendeu que a Europa precisa de decisões com efeitos imediatos. “Temos receio que, quando se fala dos 120 mil milhões de euros, na prática, não haja…


A UGT questionou hoje a utilidade dos 120 mil milhões de euros acordados pelos líderes europeus para investir no crescimento se não passarem de uma reafectação de fundos, e defendeu que a Europa precisa de decisões com efeitos imediatos.

“Temos receio que, quando se fala dos 120 mil milhões de euros, na prática, não haja nenhum dinheiro novo, que seja tudo uma reafectação de fundos já existentes, quer em termos de orçamento comunitário, quer em termos do Banco Europeu de Investimento (BEI). A ver vamos se de facto há alguma coisa de novo. Da discussão que houve na passada semana com o primeiro-ministro, a impressão que ficou é que é o mesmo dinheiro, não há nenhum dinheiro novo”, disse à Lusa o secretário-geral da UGT, João Proença.

Os líderes europeus acordaram na quinta-feira, em Bruxelas, no primeiro dia do Conselho Europeu que hoje prossegue, mobilizar 120 mil milhões de euros em medidas que fomentem o crescimento e a criação de emprego.

Destes, 60 mil milhões serão mobilizados através da alavancagem possível com o aumento do capital do Banco Europeu de Investimento, 55 mil milhões através da realocação de fundos não utilizados e os restantes cinco mil milhões através do projeto-piloto de "project bonds" (obrigações de projetos).

João Proença sublinhou que “é extremamente importante que haja, em termos comunitários, fundos mobilizáveis para investimento e criação de emprego”, daí que questione o anúncio de medidas como o reforço do capital do BEI até dezembro, logo, sem efeitos imediatos.

“Se não houver capacidade do BEI de ser, ele próprio, um fator de desenvolvimento e de coesão no todo comunitário, o BEI poderá questionar-se até para que é que serve”, defendeu o sindicalista.

Para o líder da UGT, estando a Europa confrontada com “um gravíssimo problema de desemprego, que continua a crescer de um modo acelerado em alguns países”, não pode continuar apostada “só em políticas de austeridade, de caráter orçamental e monetário”, não se preocupando “minimamente” com o emprego e o crescimento económico.

Quanto às medidas para a recapitalização da banca espanhola e italiana saídas de um encontro dos líderes da zona euro na madrugada de quinta-feira, à margem do Conselho Europeu que ainda decorre, João Proença considera que são “precedentes extremamente importantes”, que acabarão por beneficiar Portugal, mesmo que indiretamente.

Mas, referiu o sindicalista, há também um efeito moralizador para os países em dificuldades saído desta cimeira.

“Deixámos de ter Conselhos [Europeus] completamente controlados pela Alemanha, e os países, utilizando os poderes que lhes conferem os tratados europeus, bateram o pé, e disseram que só aprovavam as medidas com determinadas contrapartidas. Parece-nos que contrapartidas que tenham a ver com taxas de juro, com uma melhor utilização dos fundos comunitários, de acordo com aquilo que são as prioridades, são questões extremamente importantes. Saudamos esta posição”, declarou João Proença.

Os líderes da zona euro chegaram a acordo sobre a possibilidade de recapitalização direta dos bancos, mas quando houver uma supervisão bancária integrada pelo Banco Central Europeu, anunciou o presidente do Conselho Europeu.