Mais de uma centena de trabalhadores do Metropolitano de Lisboa criticaram hoje o Governo por não serem ouvidos sobre a reestruturação da empresa e aprovaram um pré-aviso de greve às horas extraordinárias.
"Estamos contra o Governo por propor e fazer alterações radicais na vida da empresa, sem ouvir os trabalhadores e sem que estes possam dar a sua opinião e participarem com as suas ideias e projetos", disse à agência Lusa o dirigente da Comissão de Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa (CT), Paulo Alves.
Reunidos em plenário no Largo do Camões, em Lisboa, os trabalhadores aprovaram um pré-aviso de greve às horas extraordinárias, com início na segunda quinzena de julho e prolongando-se até ao fim do mês de agosto e uma moção, por unanimidade, contra a "falta de diálogo" por parte do Executivo, que foi entregue no Ministério da Economia.
Paulo Alves referiu também à Lusa que a forma como o governo está a agir não conduzirá a que "a reestruturação chegue a bom porto, sem o agudizar da tensão" entre os trabalhadores.
O sindicalista da CGTP considerou ainda que o dinheiro que todos os meses é "tirado aos salários" dos trabalhadores "não chega para fazer, uma coisa tão simples, que é cobrir o aumento dos juros que são pagos pela dívida que o Metro faz em nome do Estado".
"As receitas que recebemos, provenientes dos nossos clientes e dos bilhetes e de outras receitas, em comparação com os custos que temos, nomeadamente, em salários e manutenção chegam e sobram. Nós temos a nossas contas equilibradas", explicou.
No entanto, destacou que o problema da empresa está no facto de "ter feito obras em nome do Estado e por conta do Estado que estamos nós a pagar, bem como os juros dessas obras".
O dirigente da CT manifestou à Lusa a preocupação com a manutenção dos postos de trabalho, porque, destaca, "o Governo anuncia reestruturações e os trabalhadores não são ouvidos, visam alterações radicais na empresa e nós não somos ouvidos", tal como "está previsto na legislação do trabalho", sublinha.
O Metropolitano de Lisboa emprega atualmente 1.600 trabalhadores.