A advogada de Hugo Marçal no processo Casa Pia anunciou hoje que vai pedir a audição de novas testemunhas na produção de prova relativa à repetição do julgamento quanto aos alegados crimes ocorridos em Elvas.
À entrada do tribunal onde o processo Casa Pia regressa hoje a julgamento, depois de o Tribunal da Relação de Lisboa ter mandado repetir a produção de prova relativa aos alegados crimes sexuais cometidos contra ex-alunos numa vivenda em Elvas, Sónia Cristóvão disse não fazer ideia do tempo de duração do novo julgamento.
Por sua vez, Manuel Silva, advogado de Gertrudes Nunes, que não está presenta na sessão de hoje, escusou-se a prestar declarações aos jornalistas.
Miguel Matias, advogado das vítimas e da Casa Pia mostrou-se "sem expectativas" para esta parte do julgamento e disse esperar "que os arguidos, como são culpados, vejam aqui aplicadas as penas do julgamento anterior".
O advogado disse ainda esperar que o julgamento seja rápido e não se mostrou preocupado pelo facto de algumas vítimas e o arguido Carlos Silvino terem desmentido o que confessaram no primeiro julgamento, considerando que para aquele arguido "o novo julgamento não terá qualquer efeito".
O advogado das vítimas afirmou igualmente que não está preocupado pelo facto de Carlos Silvino pretender ser ouvido outra vez.
O Tribunal da Relação de Lisboa tinha decretado em fevereiro a nulidade do acórdão de primeira instância em relação a factos ocorridos em Elvas.
Este acórdão, que tinha condenado seis dos sete arguidos a penas de prisão efetiva, foi proferido em 13 de setembro de 2010, depois de uma maratona judicial que durou quase seis anos, em que foram ouvidas perto de mil testemunhas.
Com exceção de Carlos Silvino, "Bibi", nenhum dos arguidos admitiu a prática de abusos sexuais de menores, reclamando inocência.
O coletivo de primeira instância, presidido pela juíza Ana Peres, condenou Carlos Silvino (18 anos de prisão), Carlos Cruz e Ferreira Diniz (sete anos), Jorge Ritto (seis anos e oito meses), Hugo Marçal (seis anos e dois meses), Manuel Abrantes (cinco anos e nove meses) e absolveu Gertrudes Nunes. Os condenados ficaram ainda obrigados a pagar indemnizações às vítimas.