Paulo Bento. Coragem e capacidade de ser fiel a uma estratégia


Paulo Bento deve ser hoje um homem satisfeito. Portugal falhou a final mas as declarações no final do jogo ajudaram a perceber o que sentia depois da primeira grande prova ao serviço da selecção nacional: “Caímos como deve cair uma grande equipa, com honra e com orgulho”. O seleccionador trilhou um caminho muito próprio desde…


Paulo Bento deve ser hoje um homem satisfeito. Portugal falhou a final mas as declarações no final do jogo ajudaram a perceber o que sentia depois da primeira grande prova ao serviço da selecção nacional: “Caímos como deve cair uma grande equipa, com honra e com orgulho”.

O seleccionador trilhou um caminho muito próprio desde que assumiu o comando. Antes de mais, soube esperar pelo momento. Desde que saiu do Sporting, teve oportunidades para voltar ao activo mas só quando chegou a Federação Portuguesa de Futebol é que aceitou. Não era fácil: Portugal tinha empatado com Chipre e perdido com a Noruega, mas Paulo Bento é um homem corajoso. O mote estava dado: “Se tivermos sucesso, o mérito é dos jogadores, se falharmos, a culpa será minha.”

Foi assim que o colectivo foi conquistado. Os incidentes com Ricardo Carvalho e José Bosingwa foram tratados de forma célere e sem espaço para marcha-atrás. Quem não estava com ele, quem não respeitava a equipa, não interessava. Se o fez com a dupla, também soube fazer o inverso com Carlos Martins e Silvestre Varela, dois jogadores que tinham sido quase que ignorados no Sporting. Não foi orgulhoso e formou com eles um colectivo vencedor: o primeiro esteve durante toda a qualificação e fez o golo à Espanha no 4-0; o segundo foi ao Euro-2012 apesar de algumas críticas mas respondeu com um golo decisivo na partida com a Dinamarca.

As críticas choveram durante vários momentos, mas Paulo Bento foi fiel à estratégia. Não interessava quem o dizia, mesmo que o nome fosse Figo ou outros internacionais. O seleccionador tinha uma estratégia, tinha algo em mente e mostrava uma teimosia, mas daquela que tinha ajudado Luiz Felipe Scolari a chegar a uma final de um Europeu e a uma meia-final de um Mundial. Os jogadores corresponderam, mostraram estar com ele desde o primeiro momento e começaram a render mais, fosse Cristiano Ronaldo, a bater os números que tinha conseguido com Scolari e Queiroz, ou com João Moutinho, o médio que tinha sido ignorado para o Mundial-2010.

“Fizemos um campeonato da Europa extraordinário. Devolvemos essa confiança, de termos uma equipa para chegar à final, aos portugueses. Penso que eles estão orgulhosos daquilo que é a selecção nacional”. É essa a vitória que Paulo Bento sentiu com esta campanha. E logo ele que tinha feito questão em Novembro de ter o futuro definido antes de a prova começar. Fez bem, acontecesse o que acontecesse. Seja como for, Paulo Bento sai do Euro-2012 com poderes reforçados. O Mundial-2014 é a próxima meta.